sexta-feira, 20 de maio de 2011
Sopas de peixe muge
Apresentamos hoje na rubrica gastronomia / culinária um dos pratos mais típicos e apreciado dos alcoutenejos.
Aquilo que foi extremamente praticado pelas povoações ribeirinhas do majestoso Guadiana e zonas circunvizinhas de âmbito alargado, acabou por cair em desuso pela falta de venda deste peixe do rio, outrora comerciado diariamente, pelo menos até meados do século passado.
Na nossa estada recente em Alcoutim, sempre muito preenchida por inúmeros afazeres e a que nos vimos obrigado a deixar para uma próxima oportunidade, algo que tínhamos imaginado pois não podemos acorrer a tudo como desejávamos, tivemos oportunidade de comprar peixe muge no “monte” após a garantia que tinha sido pescado no Guadiana, já que o outro não nos interessa.
Se o peixe o justificar, ou seja estiver em condições, iremos confeccionar umas sopas, coisa que só conheci em Alcoutim, de que minha sogra era exímia executante, o que transmitiu à filha e que eu igualmente vim a aprender, ainda que as feitas por ela tivessem um sabor especial.
Escamado e amanhado o peixe, que também é conhecido por fataça (no Ribatejo) e tainha quando pescado no mar ou na foz dos rios, verifiquei que se encontrava em condições de ser cozinhado.
O seu corte deve ser feito em postas relativamente largas, com cerca de dois dedos de largura, como a foto apresenta. É indispensável a presença das cabeças pois reforçam o paladar.
Deverá ser previamente salgado com umas pedrinhas de sal no sentido de enrijar.
Cortam-se umas rodelas de batata da espessura de cerca de um dedo. Cortam-se pequenas fatias de pão tipo caseiro, de preferência com alguma dureza.
Faz-se um refogado em azeite com alho bem picado, cebola, salsa, louro, tomate e um pouco de pimento. Quem gostar pode pôr piripiri.
Após o refogado estar pronto acrescenta-se com água suficiente para cozer as batatas e o peixe e embeber as sopas de pão.
Primeiro deitam-se as batatas e quando estiverem quase cozidas é a altura de deitar o peixe que leva dois, três minutos a cozer pois deve ficar rijinho.
Pouco antes de apagar o fogão polvilha-se com os orégãos indispensáveis.
Numa pelangana ou tigela alta e larga acondicionam-se as sopas de pão sobre as quais se deita o conteúdo do tacho, absorvendo as sopas parte do molho como se pode ver na primeira foto.
Um copo de vinho caseiro (biológico) e uma “azeitona maçanilha de água” completam o repasto.
Há quem utilize como planta aromática o poejo ou a hortelã da ribeira.