quarta-feira, 4 de maio de 2011

Superstições e crendices

Como qualquer outro povo, o alcoutenense é supersticioso, ainda que o não seja em excesso.

Nas noites que antecediam as manhãs dos Santos Populares, punham-se de molho ramos de alecrim novo, na rua, de maneira que apanhassem a neblina. Pela manhã, lavavam a cara com aquela água que oferecia virtude.

Na manhã de S. João, antes do sol nascer, outros levantavam-se e iam buscar água a sete poços. Era a “água de São João” que bebiam e com que lavavam a cara, já que esta também era milagrosa.

Quem o fizesse primeiro, obtinha maior virtude.

Nas noites de São João, faziam uma fogueira de alecrim e deitavam-lhe uma moeda. No outro dia, antes do sol nascer, recolhiam-na. Ao aparecer o primeiro pobre a pedir esmola, davam-lha perguntando o nome. Ficavam assim a saber como se chamaria o homem com quem viriam a casar.

- As pessoas que sofriam de mau-olhado, mandavam talhar o sol para ficar boas.

- Os mochos e as garças, quando aparecem, são sinal de mau agoiro.

- Nunca se sentam treze pessoas a uma mesa, pois isso era aziago.

- Quem guardasse duas amêndoas pegadas ou “coroas” de romãs, era indicação que o dinheiro não faltava em casa.

- Não se cruzam as facas que dá agoiro.

- As mulheres que assobiam, não têm sorte.

- Quando se entorna azeite, deita-se um copo de água para a rua!

- Nunca se atira pão fora sem o beijar.

- O piar das corujas e o uivar dos cães, são sinais de agoiro.

- Moça que se senta no canto da mesa, não casa.

- Quando se perde uma agulha, diz-se: Piquem-se os olhos ao diabo. Seguidamente cuspia-se na mão, dava-se um murro e para onde saltasse era o local onde se encontrava.

- Para encontrar o que se perdia, dizia-se: lagarto pintado, dá-me o que eu perdi, se não corto-te o rabo. Havia outro sistema. Dava-se um nó na ponta de um lenço, o que significava atarem-se os testículos do diabo!

- Para passar a azia basta dar um nó num lenço com a mão esquerda (certamente para os destros) sem qualquer outro auxílio!


Indicamos, para finalizar, o significado regional de alguns sonhos.

Sonhar com peras, era sinal de prejuízos; laranjas, alegrias.

As igrejas significavam casamentos breves e figos secos desgostos.

As uvas, se eram brancas, davam origem a lágrimas e as pretas, a letras (cartas).

Vacas e bois pressagiavam sorte na lotaria e era preocupante quando se sonhava com casas caiadas pois era sinal que morria gente na família.

Era vulgar as pessoas referirem os sonhos, tanto no bom como no mau sentido.