terça-feira, 11 de novembro de 2008

A Capela do Espírito Santo na aldeia de Martim Longo

Situa-se sensivelmente a meio da povoação esta capelinha de 64 m2 de superfície coberta. (1)

A fachada é muito idêntica à de São Sebastião, situada na extremidade da aldeia. Sobre a porta, trabalho de argamassa com sentido decorativo e por cima deste foi aberto depois de 1975 um óculo circular.

No topo da fachada, situa-se um pedestal encimado por cruz simples de ferro forjado.

Telha de canudo. Pequeno adro empedrado com xisto da região.



Não aparece referida nas “Visitações” da Ordem de Santiago de 1518 a 1566, ainda que o culto do Espírito Santo seja dos mais enraizados no concelho estendendo-se também a concelhos vizinhos, como ao de Mértola.

Sabe-se que o retábulo foi consertado em 1695 e em 1782. O pintor tavirense, Diogo Mangina, recebe 4$800 réis pela pintura que nele faz, mas não se sabe se se trata do mesmo retábulo. (2) Notar que o pároco da freguesia ao responder à pergunta 13 do questionário (Memórias Paroquiais - 1758), informa que a freguesia tem duas “Irmidas”, a de S. Sebastião, um pouco distante do lugar e a de Sta. Justa, distante dele uma légua pequena, pelo que na altura esta não devia existir, ou se existisse estaria completamente em ruína e isto tomando em consideração que era assunto forçosamente conhecido do eclesiástico.

Em 13 de Janeiro de 1843 a Câmara, em correição (toda a vereação), percorre a aldeia e entre outras deliberações, determina que não se consintam estrumeiras junto da Igreja do Espírito Santo. (3) pelo que nesta altura já existia.

Em 1870, na toponímia local existe a Rua do Espírito Santo, certamente aquela que lhe dá acesso e que na actualização toponímica, efectuada recentemente, foi mantida.

No altar encontra-se uma imagem de Santo António (sobre a sua mão esquerda está o menino) pintada e decorada. Pertenceu à Confraria de Santo António, da Igreja Matriz, onde esteve colocado. (5)

Já há muito que serve de capela mortuária e encontra-se bem cuidada.

NOTAS

(1)Art. 1529 da Matriz Predial, freguesia de Martim Longo, concelho de Alcoutim.
(2) A Escultura de Madeira no concelho de Alcoutim do século XVI ao Século XIX, Francisco Lameira e P. Manuel Oliveira Rodrigues, Faro, 1985.
(3) Acta da Sessão da Câmara Municipal de Alcoutim de 13 de Janeiro de 1843, realizada em Martim Longo.
(4) Ofício da Junta de Paróquia datado de 27 de Agosto de 1878.
(5) A Escultura de Madeira no concelho de Alcoutim do século XVI ao Século XIX, Francisco Lameira e P. Manuel Oliveira Rodrigues, Faro, 1985.