quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

As confrarias na Igreja de S. Pedro de Vaqueiros


Já temos abordado de uma maneira muito superficial este assunto, quando nos temos referido às Igrejas Matrizes das Freguesias.

Hoje iremos tentar ligar alguns dados que temos recolhido ao longo dos anos e referente à igreja desta freguesia, que segundo Silva Lopes data de 1583 (1), uma das mais antigas em instituição no Algarve. (2)

As Confrarias são instituições provenientes da Idade Média, imbuídas de forte espírito religioso e de fraternidade cristã, zelavam pelo culto do seu santo padroeiro e apoiavam os mais necessitados.

Possuíam muitas vezes o seu altar nas igrejas e regiam-se por um compromisso, administrando os seus bens, elegendo anualmente mordomos, juízes e escrivães.

Ao papel importante que desempenharam nos séculos XVII e XVIII, sofreram grande quebra com o triunfo liberal e mais tarde agravado com o republicanismo.

Temos referência, no decorrer dos anos, a seis confrarias:- das Almas, do Ss. Sacramento (existente em todas as igrejas paroquiais do concelho), de Nª Sª do Rosário, de Sta. Luzia, de São Brás e de S. Luís.

A referência mais antiga vai para a de Sta. Luzia, que já existia pelo menos em 1707 e que teria chegado pelo menos a 1809, visto ter havido um livro de receitas e despesas com estas duas datas extremas.(3)

O cura António de Barros que respondeu ao questionário de 1578, respostas que vieram dar origem às Memórias Paroquiais, indica como confrarias existentes, a do Santíssimo, outra do Rosário e outra das Almas.
Admira-nos a falta da de Sta. Luzia que em 1799, juntamente com a de S. Brás eram as únicas que possuíam saldo, sendo o da última, 2 108 réis.(4)

Em 1876 só existiam em Vaqueiros três confrarias, precisamente as mesmas que são indicadas 118 anos antes (1758) Sabe-se que em 1880 (5) foram enviados ao Governador Civil os inventários dos bens pertencentes às extintas confrarias do Ss. Sacramento e das Almas.

O Administrador do Concelho pergunta ao prior da freguesia se existe na mesma alguma confraria de igual natureza a quem poderiam ser entregues os bens inventariados ou se antes conviria dar posse dos mesmos à respectiva Junta de Paróquia ou ainda destiná-los para subvencionar o ensino público da freguesia. (6)

A resposta não se fez esperar, opinando o pároco a sua entrega à Junta de Paróquia (7), o que se veio a efectivar em Julho de 1881.

Apesar do que atrás se disse, a confraria de Nª Sª do Rosário parece ter continuado activa já que num requerimento assinado por todos os seus membros se pede autorização para obrigar os foreiros a pagar judicialmente as suas dívidas. (8)

Esta confraria, em 1779/80 tinha comparticipado no restauro de dois retábulos da capela-mor. (9)

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NOTAS

(1)–Memórias para a história ecclesiastica do bispado do Algarve, Lisboa, Academia Real das Ciências, 1848, pág.357.
(2–Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol pág. 160.
(3)- A Escultura de Madeira no concelho de Alcoutim do séc. XVI ao século XIX, Francisco Lameira e Manuel Rodrigues, 1985, pág.47
(4)– Livro de Contas da Real Confraria de Nº Sª da Conceição, da Vila de Alcoutim, iniciado em 1785, pág. 15.
(5)– Ofício nº 128 de 19 de Setembro de 1880, ao Governador Civil de Faro.
(6)– Ofício nº 164, de 16 de Outubro de 1880, ao Prior da Junta de Freguesia de Vaqueiros.
(7)– Ofício nº 155 de 30 de Novembro de 1880.
(8)- Ofício nº 54 de 25 de Abril de 1882 do Juiz da Confraria de Nª Sª do Rosário.
(9)– A Escultura de Madeira no concelho de Alcoutim do séc. XVI ao séc. .XIX, Francisco Lameira e Manuel Rodrigues, 1985, pág. 46.