domingo, 28 de dezembro de 2008

Salazar e Alcoutim

(Publicado no Jornal Escrito, nº 27, de Novembro de 2000, p.IV, encarte do Postal do Algarve de 23.11.2000)


Este pequeno escrito, que vem na sequência dos anteriores, só o escrevi com um sentido histórico. Não podia ter qualquer análise política à figura histórica que é e será Oliveira Salazar. É claro que temos opinião formada sobre o leader do “Estado Novo” mas que, como é evidente, não merece qualquer interesse jornalístico.

Como aconteceu com quase todas as cidades e vilas do País, o Professor Oliveira Salazar também tinha o seu nome numa rua da pequena vila raiana, substituído logo após o “25 de Abril” por esta mesma designação. Foi assim em Alcoutim, foi assim por esse País fora, mas ainda existem algumas placas toponímicas que ostentam o nome daquele político.

Em 1929 uma Câmara Municipal da região do Porto pretende oferecer um relicário de ouro ao Professor Doutor António de Oliveira Salazar, o qual levará dentro uma barra de oiro de lei a fim de em nome de todos os municípios do País ser oferecido a quem tanto zela o ouro de Portugal. Alcoutim inscreveu o seu nome, contribuindo com duzentos e cinquenta escudos.

Mais curioso e possivelmente desconhecido de grande número de alcoutinenses, é o facto de em sessão extraordinária a Edilidade ter conferido o diploma de cidadão honorário a Sua Excelência o Senhor Doutor António de Oliveira Salazar, devendo o mesmo ser escrito em pergaminho com o brasão de armas da vila.


Um representante do município deslocou-se para esse efeito a Lisboa e a deliberação foi aprovada por aclamação, dado “os altos merecimentos do glorioso Fundador do Estado Novo”.

O diploma foi encerrado numa pasta de veludo vermelho tendo o brasão do município e uma legenda em prata.

Que seja do meu conhecimento, foi o único cidadão que até hoje recebeu tal galardão!

Dois elementos representativos do município deslocaram-se a Lisboa para as Comemorações do Ano X da Revolução Nacional.

Outras manifestações de apoio e apreço mereceu esta figura nacional, não do povo alcoutenejo, mas sim dos representantes que lhes impunham.

Se é verdade que houve alcoutenejos salazaristas e existiu mesmo a União Nacional, outros foram-no por interesses pessoais, também os houve no campo oposto e que marcaram bem a sua posição de antagonismo.