sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A cabaça


Este interessante fruto de uma das variadíssimas espécies de abóbora e designada por cabaceira, tem uma forma que faz lembrar o algarismo “8”.

Que eu saiba e pelo menos em Portugal, só tinha uma utilização, depois de seca e devidamente preparada usava-se para o transporte de líquidos, nomeadamente água ou vinho.

Depois de seca, no local do pé, era cortada, formando um pequeno orifício pelo qual se ia retirando com paciência o seu conteúdo onde avultavam as sementes, sensivelmente rectangulares. É um trabalho de paciência mas que não deixa de ser interessante efectuar, existindo várias técnicas para o fazer, conforme o uso de cada região, já que era vasilha usada do norte ao sul do país.



Junto do orifício de entrada e saída do líquido, que se arrolhava, fazia-se um outro mais pequeno, quadrangular que era tapado com um pauzinho facetado, normalmente de esteva. Destinava-se, quando se afrouxava, à entrada do ar o que permitia mais facilmente a saída do líquido.

Uma corda de sisal atava-a com segurança e por seu intermédio o homem colocava-a à cintura, transportando-a assim para onde se dirigisse

Podendo transportar grande parte de líquidos, era usada principalmente para a água e menos frequentemente para vinho.



Ainda que o formato tenha a base que indicámos, existem exemplares muito diferentes.

Como deixaram de ser usadas, praticamente ninguém as semeia.

Muito recentemente pediram-me sementes pois há muito que as procuravam e não as encontravam.

Uso-as como objecto decorativo, envernizando-as. Servem também para explicar aos jovens a utilização que tiveram.