[O Monte do Viçoso depois do abandono]
Na continuação do que fizemos em relação à freguesia do Pereiro vamos hoje abordar a mais pequena do concelho, a de Giões.
São poucas as situações verificadas.
As Memórias Paroquiais (1758) referem a existência como habitado o monte da Cacelinha que segundo informa fica próximo da aldeia sede de freguesia. Quinze anos depois sabemos que lá vivia, certamente com a família, António Gonçalves que na Câmara fez o manifesto de seis reses.
Nos Anuários Comerciais dos princípios do século passado são indicados como povoações da freguesia: Minhova, Cacela e Mingordo.
Aqui Cacela deve estar por Cacelinha, palavra de origem árabe que significa prado ou pastagem de gado.
Na Minhova, em 7 de Setembro de 1841, ainda é exposta uma criança do sexo feminino.
O Monte de João Velho e que presumo localizar-se nesta freguesia é referido em actas das Sessões da Câmara Municipal da segunda metade do século XIX.
Outro dos montes indicado como povoado é o de Mingordo que deve ser elisão de “Moinho Gordo” e que penso se localizaria nas proximidades da ribeira do Vascão e talvez relacionado com algum moinho na ribeira. Nas suas proximidades uma mina de cobre registada em 1878.
Gordo porquê? Pela alcunha ou nome do proprietário? Ou seria pelo seu volume? Seria pela “gorda” produção do mesmo?
Navegamos no campo das hipóteses e até porque desconhecemos o local onde se situaria e de que julgo ainda existirem ruínas.
Outro dos montes indicados como habitado era designado por Carrascal não tendo eu mais qualquer elemento para poder referir.
As maiorias destes montes eram constituídas por um único fogo, quando muito por dois ou três e daí o seu desaparecimento. Nessas alturas, viver num monte grande ou num monte pequeno e isolado era muito semelhante. Estes montes tinham inspiração nos conhecidos montes alentejanos que acabaram por sofrer transformações parecidas ainda que as suas dimensões como domínio da terra fossem muito maior e mais produtiva.
Há uma investigação a fazer nesta vertente mas a verdade é que até agora ninguém a fez.
É muito pouco o que aqui fica referido mas este pouco será desconhecido da maioria dos alcoutenejos.
Deixámos para o fim a abordagem do último monte que se despovoou na freguesia. A sua deterioração tem sido veloz e o saque levou o pouco que existia numa povoação de gente trabalhadora.
Em 1976 ainda o habitavam 11 pessoas, número muito semelhante ao que têm hoje a maioria dos montes do concelho. Penso que os últimos moradores teriam saído na década de oitenta. Isto pode-nos levar a concluir que dentro de vinte anos grande número de montes do concelho estará em igual situação.
Em 1839, Silva Lopes, no final do seu trabalho (Corografia do Algarve) apresenta um mapa com os fogos existentes, quando se refere à freguesia de Giões não indica os deste monte que já existia certamente.
O monte era constituído por três núcleos populacionais que sumariam dez ou doze fogos. Situava-se numa pequena elevação circundada pelos barrancos dos Paus e de Cacela que iam dar à ribeira do Vascão.
Como era próprio da época, chegaram a realizar-se simultaneamente dois bailes e isto porque havia no monte cerca de dezasseis moças e só com elas se podia contar pois dos outros montes só vinham os rapazes e não raparigas o que nessa época era impensável.