[Freguesia do Pereiro. Terrenos próximos da Ribeira da Foupana. Foto JV, 2009]
Já tinha abordado este assunto quando organizei parte da 2ª edição daquilo a que é vulgar impropriamente chamar “Monografia de Alcoutim” e que na 1ª edição só aqui e ali referi alguma destas pequenas povoações desaparecidas ou despovoadas.
Como entretanto adquiri mais conhecimentos sobre o assunto, resolvi escrever um novo texto que agora inicio com a freguesia de Pereiro.
As Memórias Paroquiais (1758) indicam-nos três montes com apenas um vizinho ou seja um fogo: Herdadinha, habitada por cinco pessoas, Cascalhão (quatro), Alcaria do Velho (uma) e Casa Nova (uma). Com dois fogos apresenta o monte de Matos e a Silveira tinha então 7 fogos com dezassete pessoas.
Cerca de quinze anos depois encontramos referida a Casinha da Portela onde viviam com as suas famílias pelo menos Gregório Miz (Martins), Gregório Dias e João Manuel e que manifestavam os seus gados na Câmara Municipal.
O Cascalhão mantinha-se e onde vivia Sebastião Ribeiro.
Em 1839 Silva Lopes na Corografia do Algarve refere a “Portella” como possuindo 9 fogos. Teria a Casinha da Portela por deslocação dado origem à Portela que se veio a desenvolver? É que nos aparece primeiro a Casinha e só muito depois a Portela.
Os Anuários Comerciais do princípio do século passado ainda indicam como habitados os montes de Matos, Silveira e Cortelha.
A G.E.P.B, Vol. 21, pág. 231 faz notar como montes habitados na freguesia: Matos, Portela e Silveira, entre outros.
Como refiro a pág. 149 do meu trabalho, A Freguesia do Pereiro (do concelho de Alcoutim) «do passado ao presente» o “monte” dos Matos ainda forneceu três mancebos para a Guerra Colonial iniciada em 1961 e terminada depois do 25 de Abril, acontecendo o mesmo com a Silveira e a Cortelha, igualmente indicados.
Recorrendo novamente a este nosso trabalho refiro o monte da Portela que se alcança por um caminho que sai da Fonte Zambujo de Baixo.
Em 1882 frequentava a escola do Pereiro, José Martins, natural e residente neste monte que em 1939 ainda dava mancebos para o recenseamento militar.
Tentando fazer uma análise final e actual sobre cada um dos montes indicados, diremos:
HERDADINHA – Próximo do monte do Tesouro. Passei por lá em Novembro último e parte do telhado já abateu restando as paredes. Era ali que se levavam em meados do século passado as bestas ao “lançamento” informação que recebi oralmente. O “monte” seria a residência da pequena herdade e daí o topónimo.
[A Herdadinha. Foto JV, 2009]
CASCALHÃO – É referido nas Memórias Paroquiais (1758) e em 1771 no manifesto dos gados. Foi só o que até agora encontrámos escrito. Por via oral nada conseguimos obter nem sequer a sua localização. Pelo termo e seu significado local leva-nos a pensar que se situaria junto de um curso de água, onde existisse cascalho.
ALCARIA DO VELHO – A única referência escrita que encontrámos é a que nos dá as Memórias Paroquiais (1758). Admitimos sob reserva que seja a Alcaria das Alcarias Covas, como eram indicadas sem distinção. Ainda há pouco ouvi dizer em Alcaria Cova de Baixo, “além, no outro monte” dando a ideia que é próximo e não é verdade. Faziam contudo um todo, hoje mais separado.
CASA NOVA – Penso que este monte será o que pertence hoje à freguesia de Vaqueiros e está situado no limite da freguesia com a de Odeleite. Ainda que só tenha conhecimento da mudança de Soudes entre Pereiro e Vaqueiros, a não indicação deste pequeno monte referido só com um fogo (1758) poderá estar na sua insignificância.
[Indicando o monte dos Matos. Foto JV, 2007]
MATOS – É indicado nas Memórias Paroquiais (1758) como tendo dois fogos e aparece referido nos vários Anuários Comerciais da primeira metade do século passado e na G.E.P.B., Vol. 21, pág. 231, tendo fornecido elemento para a Guerra Colonial como já indicámos. Ficou desabitado em meados do século passado, possuindo contudo casas com telhados, havendo caminho de acesso.
CASINHA DA PORTELA – Situada próximo da Portela, só existem leves vestígios segundo uma moradora nos informou na Fonte Zambujo de Baixo, que lhe fica relativamente próximo.
PORTELA – Avista-se da Fonte Zambujo. Chegou a ter cerca de uma dúzia de fogos, ficou despovoada nos anos setenta do século passado. Mantém algumas casas de pé.
CORTELHA – É um monte que tinha gente não há muitos anos e que se situava na margem esquerda da ribeira da Foupana, havendo do lado de lá da ribeira outro monte com a mesma designação mas já na freguesia de Odeleite, concelho de Castro Marim. Ainda existem ruínas. O topónimo significa “casinhoto”, casa pobre.
SILVEIRA - Monte que em 1758 como já dissemos, tinha sete fogos e dezassete pessoas está despovoado há umas dezenas de anos.
Foi importante no contexto da freguesia sendo considerado um monte de lavradores.
Recorrendo ao nosso trabalho sobre a freguesia, transcrevemos: Em 19 de Fevereiro de 1847 falece aqui Custódia Marques, viúva do Capitão de Ordenanças, Baltazar Roiz Cavaco.
Um ano depois, Manuel Cavaco possivelmente da mesma família, era membro substituto do Conselho Municipal e dos maiores contribuintes do concelho. Em 1852/53 foi juiz eleito da freguesia e em 1868/69 nomeado pela Câmara Municipal membro da Junta de Paróquia.
Certamente da mesma família dominante, António Cavaco que de 1850 a 1853 pertenceu à Junta de Paróquia.
[O monte da Silveira]
Entretanto mais montes se preparam para efectuar este trajecto, pois o número de habitantes diminui assustadoramente. Não os referimos para não assustar as pessoas que ainda lá vivem.