terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Velhas, pequeno "monte" da Freguesia de Giões

Pequena Nota
Para terminar o périplo pela freguesia de Giões, resta-me referir o “monte” das Velhas.
O primeiro que abordei foi o de Clarines e fi-lo na revista STILUS.
Neste espaço comecei por fazê-lo em relação a Alcaria Alta, depois Marim e por último Farelos.
Atendendo a que desapareceram há muito Cacelinha e Mingordo (moinho gordo) Minhova e Carrascal que eram referidos em meados do século XIX e que se tratavam praticamente de um ou dois fogos e que é dos nossos dias o abandono do Viçoso que em 1976 ainda tinha onze habitantes, resta-nos o “montes” das Velhas que com Marim são os menos habitados da freguesia
.

[Vista parcial. Entrada do "monte". Foto JV, 2009]

Tomando como ponto de partida a sede do concelho e percorrendo a EN nº 122-1 às Quatro Estadas tomamos a nº 124. Após oito quilómetros percorridos chegamos à aldeia do Pereiro e depois de passarmos por dois entroncamentos, um à direita e outro à esquerda vamos encontrar novamente um à direita que tem a indicação de Velhas – 1 Km.

A estrada estreita e asfaltada, cujo troço é identificado com o nº 1046, desenvolve-se quase sem curvas ainda que as rectas sejam em vários planos. À sua esquerda segue o traçado telefónico cuja colocação do primeiro telefone público teve lugar em 1988, ocorrendo também no mesmo dia a inauguração do fornecimento de água por intermédio de fontanários o que deu origem a grande festa em que participaram o Presidente da Câmara, Cavaco Afonso, o Director Regional das Telecomunicações do Sul, o Chefe da Área de Telecomunicações de Faro e outras Entidades. (1)

Esta estrada foi repavimentada em 1996. (2)

Conhecemos este monte em 1976 onde chegámos através do velho caminho. Nesta altura e fazendo fé numa estatística efectuada pelo Centro de Saúde de Alcoutim tinha cinquenta habitantes.

Contra o que é hábito por estas paragens, a pequena povoação situa-se em local plano, notando à entrada algum arvoredo de porte razoável.

Curiosa a colocação de um sinal de proibição de circular a mais de 20 km/hora!

Imperavam as habitações de pedra e barro, caiadas e listadas com barras de cores. Poiais e pátios. Nas ruelas ainda se podem ver velhos fornos de cozer pão e fornalhas (pilheiras) tudo já desactivado mas que faziam parte do quotidiano de há cinquenta anos.

Duas ou três vivendas dão nas vistas e são produto de emigração.

Sabemos que em 1933 tinha sido concedido o subsídio de 260$00 pela Câmara ao povo deste “monte” para a abertura de um poço, tendo sido encarregado do trabalho, Manuel Gomes Lopes (3)

Em 1996 foi colocado um painel de caixas de correio. (4)

Em 1758 e segundo as Memórias Paroquiais já era um dos sete “montes” da freguesia e em 1839 num mapa anexo à sua Corografia, Silva Lopes chama-lhe DAS Velhas e atribui-lhe 13 fogos, enquanto Marim tem 6 e Clarines 20.

No Censo de 1991 são-lhe atribuídos 25 habitantes e 22 fogos, existindo ainda alguma actividade pastoril.

[Outro aspecto da povoação. Foto JV, 2009]
Em recente visita que efectuei (2009), informaram-me que teria 15 residentes.

Quando existiam crianças iam à escola dos Farelos.

Quanto ao topónimo ouve-se dizer com frequência monte das Velhas e A-das-Velhas. Pensamos que não erramos se dissermos que a fundação ou denominação deve de estar em idosas (irmãs, familiares, vizinhas?) que devido a qualquer situação especial (isolamento, riqueza, actividade, etc.) funcionou como marca, identificando o local.

Isto passou-se há tantos anos que já ninguém sabe explicar, não tendo o “facto” passado de pais para filhos como é tradicional.

Existe outra povoação com o mesmo nome no concelho de Monção, bem no norte do país.
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NOTAS
(1) - Boletim Municipal, nº 4 de Abril de 1989
(2) – Alcoutim, Revista Municipal nº 4 de Dezembro de 1996, pág. 8
(3) - Acta da Sessão da C.M.A. de 12 de Outubro
(4) – Alcoutim, Revista Municipal nº 4 de Dezembro de 1996, pág. 12