Colaboração de
José Temudo
Nasceu,
como todos os demais,
feito simples tábua rasa,
onde a sociedade escreveu,
como um trabalho de casa,
todos os seus sinais,
os seus valores, tais e tais,
Os seus tabus, as suas ambições,
os seus medos, as suas superstições,
a sua descrença em Deus.
Sem angústias, nem inquietações,
assim cresceu,
viveu
e envelheceu,
fugindo do Mal,
buscando o Bem.
Era noite de Natal.
Nessa noite, porém,
para si fatal,
alguém,
do outro mundo d`Além,
docemente
a mão lhe estendeu
e disse:- VEM!
Serenamente,
em paz consigo, morreu.
Assim, Deus ou o Destino,
justo e bondoso,
determinou e quis.
Em completo repouso,
parecia um menino,
dormindo tranquilo, feliz.
Vila do Conde, Dezembro de 2009.
Pequena nota
Não é fácil comentar um poema descortinando os motivos que levaram o poeta a escrevê-lo.
Há aqui o nascer, viver e morrer, a tríade por onde todos nós passamos, sendo no entanto a do meio, muito variável.
Para mim, as palavras ligam-se e soam-me bem.