Quanto à freguesia de Alcoutim, as Memórias Paroquiais (1758), referente a este aspecto, de todos os “montes” que indica, nenhum desapareceu ou está despovoado, mas caminha-se a passos largos para que isso aconteça, principalmente em dois, ambos com três residentes fixos, ainda que tenham normalmente residentes acidentais.
O pároco encarregado de responder ao questionário, não indica o monte de Corte das Donas, certamente por lapso, uma vez que como tudo indica já existiria.
A nível da freguesia da sede do concelho, encontramos referências à Grandaça onde em 1771 vivia André Gomes que fazia o manifesto dos seus gados, o mesmo acontecendo com Manuel Rodrigues. Pelo menos em 1858 ainda era habitado.
A Herdade da Grandaça pertenceu aos Condes de Alcoutim e foi alienada em meados do século passado.
[Antigo Posto da G.F. do Vinagre. Foto JV, 2009]
Na zona rústica conhecida por Vinagre e considerada das mais ricas em olival nas redondezas, o que ainda hoje se pode provar pelos elevados impostos com que os terrenos são taxados, igualmente existiria um ou outro fogo disperso e cerca de 1890 foi construído o posto da Guarda-Fiscal que foi adquirido por um particular e ainda existe.
O Sr. António Francisco que foi coveiro no cemitério de Alcoutim durante muitos anos, era conhecido por António do Vinagre por ter lá nascido e sido criado.
Entre a Vila e o Marmeleiro existiu um fogo de que ainda há pouco tempo existiam ruínas e onde viveu José António Duarte Moura, contista que deixou retratada a vida alcouteneja dos anos trinta e quarenta e que foi funcionário da F.N.P.T. (Celeiro).
Os Anuários Comerciais da primeira metade do século passado ainda o indicam como habitado e designam-no como Montinho.
Antes do Montinho das Laranjeiras existia a Casa Velha ainda habitada em meados do século passado.
[O Brejo. Foto JV, 2009]
O Brejo chegou quase aos nossos dias. Situado nas proximidades do castelo-velho, possuía um poço que dava muita água proporcionando um bom hortejo.
Hoje os telhados já caíram e restam as paredes que se vão degradando cada dia que passa.
Pela foto recente apresentada ainda se podem ver algumas árvores mais mimosas.
[Monte dos Currais, Cortes Pereiras. Foto JV]
O Monte dos Currais, próximo do S. Martinho, faz parte das Cortes Pereiras Já o visitámos uma vez. Chegando ao S. Martinho, cortámos à esquerda apanhando o caminho à beira do qual segue o traçado dos postes da energia eléctrica
Três ou quatro centenas de metros andados, estamos chegando ao monte que se situa numa pequena elevação, que está desabitado e mesmo abandonado. Parece que o último morador faleceu em 1988.
Foi sempre um monte pequeno. Nos anos setenta ainda tinha três fogos habitados e poucos mais seriam.
Aqui viveu Manuel Roiz (Rodrigues), pessoa de certa notoriedade local já que fez parte da Junta de Paróquia de Alcoutim, pelo menos em 1850/51.
Talvez não seja descabido pensar e devido ao número reduzido de fogos e a alguma abastança de terras que o monte teria sido fundado pela família Rodrigues.
O aspecto era desolador. Só uma casa se encontrava fechada. Muros derruídos pelo tempo. Telhados caídos pelo abandono. Entre as paredes, ainda se podiam ver restos de peças que serviram os seus habitantes, como camas e potes de barro.
Estava de pé uma chaminé com algum interesse. Anotámos um boqueirão com portas e lintel de madeira e poiais cobertos por lajes de xisto. Nas redondezas os currais que originaram o topónimo, não estes mas outros desaparecidos e que foram substituídos. A actividade principal destas gentes não podia deixar de ser a pastorícia.
Se a tristeza nos invade com esta desolação, ficamos satisfeitos com o ar puro que respiramos e a magnífica vista que podemos desfrutar. Dali se avistam a antiga escola, o São Martinho com os restos da sua capela, Monte Longo, Casa da Amêndoa, muitíssimo bem o Monte do Sol e o Curral da Arvela.
Se mais não fosse, só por isto merece a pena lá ir.
[Corte Miguel. Restos de paredes. Foto JV]
Outro monte que teria existido, situava-se para além de Afonso Vicente e a caminho da Ribeira do Vascão. É conhecido por Corte Miguel e um local a que as gentes das redondezas atribuem grande antiguidade Ainda se podem ver restos de paredes e rusticamente a zona ainda é assim designada.
Nunca encontrámos qualquer referência nas pesquisas que efectuámos no arquivo histórico da Câmara Municipal ou no da Misericórdia, o que nos tem admirado.
A arqueóloga, Prof. Doutora Helena Catarino refere o seu abandono provavelmente nos finais do século XVII ou no século XVIII, pois as prospecções revelaram apenas restos de montes de pedra e alicerces de casas de época moderna. Considera também que o seu povoamento pode estar ligado à exploração mineira da Herdade da Ferrugem.
O “Monte das Poupas” de que encontrei leve referência em documentação consultada, situava-se próximo dos Balurcos, é o único dado que podemos fornecer.