domingo, 14 de março de 2010

A aldeia de Vaqueiros

Pequena nota
Atendendo a que decorre hoje na aldeia de Vaqueiros a 12ª Feira do Pão Quente e Queijo Fresco, resolvemos “postar” o que retirámos de um nosso trabalho sobre o tema que se segue e escrito já lá vão uns anos.
As diferenças encontradas hoje serão muito poucas.

JV

[Praça central]

A aldeia de Vaqueiros parece nunca ter sido grande e é considerada pobre.
Situa-se sobre um monte, rodeado de outros mais altos. (1) Dista 3 km da margem direita da Ribeira da Foupana e cinco da esquerda da de Odeleite. (2) Pitoresca e serrana, julga-se ter tido origem em povoação árabe. (3)

Fica a trinta e nove quilómetros da sede do concelho e a nove da aldeia de Martim Longo.

A aldeia (e toda a freguesia) a partir do 25 de Abril “abanou”, já que até aí vivia praticamente isolada do Mundo! O povo de Vaqueiros só tinha deveres, não usufruía de direitos que eram praticamente nulos. Se a mesma situação se passava a nível de todo o concelho, foi esta freguesia, desde sempre, a mais esquecida.

[Casa típica. Foto JV, 1997]

A quando do 25 de Abril, possuía uma estrada de macadame que a ligava a Martim Longo, única na freguesia e um edifício escolar de uma sala, seria tudo. Nada de energia eléctrica, água ao domicílio e esgoto, nem mesmo as ruas estavam pavimentadas. Hoje usufrui de tudo isso já que o saneamento básico teve lugar em 1985. (4) Igualmente tem um edifício onde funcionam a extensão do Centro de Saúde de Alcoutim e os serviços administrativos da Junta de Freguesia. Um moderno e interessante Centro de Dia, encontra-se bem enquadrado, não tendo sido esquecidas as árvores que lhe prestam bom auxílio em todos os aspectos.

As casas de cariz antigo, algumas em ruína, misturam-se com novas construções que nada têm a ver com as habitações típicas, nem nos materiais empregues, nem aberturas e plantas.

É notória a aplicação de alumínio em portas e janelas de velhas casas, o que lhes dá um aspecto horrível, devido ao contraste existente.

Frente à igreja e a um plano inferior, desenvolve-se o largo principal da aldeia, o Largo da Igreja, não há muitos anos transformado numa tentativa de embelezamento, que segundo a nossa opinião, não resultou.

Uma placa central cujo pavimento é coberto por módulos de cimento, podia-o ter sido por lajes de xisto que lhe dava um aspecto completamente diferente. O verde representado por desajustadas plantas colocadas em manilhas circulares, inestéticas, podia ter sido substituído por loendros ou mesmo roseiras trepadeiras que cobririam armação metálica.

Uns tantos bancos sem qualquer protecção solar e no centro um objecto de cimento, feito em série e, quanto a nós, sem qualquer interesse.

De tudo, salva-se o bebedouro - repuxo onde as pessoas se podem dessedentar .

Em fins de 1996, a Junta de Freguesia procedeu à implantação da toponímia e números de polícia, como se impunha.

[O contraste]

Anotámos os seguintes:- Rua da Cooperativa, do Poço Novo, Dr. João Dias, da Boa Vista, Beco de S. Cristóvão, Rua do Carmo, Travessa do Sol Posto, Rua de Nª Sª da Conceição, da Ti Júlia, da Ti Mestra, da Loja, de S. Pedro, do Vale, Travessa Vasco Santana, do Pinheiro, e Rua de S. Luís.

Na análise toponímica, encontrámos quatro antropónimos:- o do Dr. João (Francisco) Dias, de cuja placa devia constar o motivo pelo qual foi dado o nome (médico ? benemérito ?), ano do nascimento e falecimento, a par de dois nomes populares, artérias já assim conhecidas por lá terem vivido pessoas com esse nome. O que falta é representado pelo nome de um actor há muito desaparecido que continua na memória do povo. Até quando?

Outro dos ramos explorados foi a hagiotoponímia que não esqueceu, entre outros, S.Pedro, seu patrono.

Circunstâncias locais dão o nome às restantes artérias.

As ruas foram pavimentadas em 1988 (5) e faz-se a recolha de lixo.

NOTAS

(1)-Corografia do Reino do Algarve, João Baptista da Silva Lopes, 1841.
(2)-Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
(3)-Algarve - Alcoutim (Folheto Turístico) - Edição da R. T. A. - Setembro de 1988.
(4)-Jornal do Algarve de 6 de Junho de 1985.
(5)-Jornal do Algarve de 16 de Agosto de 1988.