segunda-feira, 29 de março de 2010
O lampião
Este é um dos utensílios, embora caído em desuso, ainda vai aparecendo à venda em estabelecimentos comerciais, nomeadamente drogarias. Se isso acontece, é porque há quem compre para uso.
O apresentado na foto, já velhinho mas ainda funcional, se for preciso, é mesmo do concelho de Alcoutim.
Chamava-lhe naturalmente candeeiro, como é, mas era natural que tivesse outra designação local para o distinguir dos outros.
Peguei no telefone e fui à minha informadora destes assuntos, já octogenária, nascida e criada num monte de Alcoutim, onde vive. A resposta foi rápida e sem qualquer dúvida: É UM LAMPIÃO.
Fiquei assim em condições para desenvolver o tema já que o resto é do meu conhecimento observativo, pois não me lembro de alguma vez me ter servido de tal objecto.
Lampião é definido nos dicionários por grande lanterna portátil ou fixa num tecto, esquina ou parede o que se ajusta perfeitamente a esta peça utilitária.
Antes de 1965 as ruas da Vila eram iluminadas por lampiões fixos a esquinas ou paredes.
Os lampiões dos “montes” eram estes candeeiros a petróleo, portáteis, com uma pega no cimo. O funcionamento para a produção de “luz” era muito semelhante ao que referimos quanto aos candeeiros de casa que já aqui abordámos, com torcida e obedecendo aos mesmos cuidados. Nestes, o que equivale à chaminé é igualmente de vidro mas mais robusto e certamente de tratamento diferente para suportar a diferença de temperatura e partir-se com mais dificuldade.
Este vidro era protegido por um arame forte em cruz cujo movimento fazia subi-lo para poder acender a torcida e logo se fazia baixar para não se apagar.
A configuração do lampião proporcionava duas protecções para evitar pancadas na chaminé.
O lampião era o candeeiro de rua que ajudava as pessoas a deslocarem-se de noite para a realização de tarefas, sendo das mais importantes o tratamento dos animais. Tinha a vantagem de com ele ser mais difícil o aparecimento de incêndio num local onde existia palha e outros elementos de fácil combustão.
Para outras deslocações, as pessoas do monte podiam corrê-lo todo sem lampião, que não punham o pé numa poça! Os outros, saltavam de uma e caíam noutra, como a mim me acontecia.
Tal como o candeeiro de casa, o tipo de lampião não era uniforme, tinha algumas variantes, possivelmente dependente do fabricante.