[Tendo por fundo a Corte da Seda. Foto AM, 2010]
Uma nossa amiga e visitante/leitora deste blogue teve a amabilidade de nos enviar esta foto tendo como fundo o “monte” de Corte da Seda, freguesia de Alcoutim.
Foi efectuada há dias quando se dirigia à pequena vila raiana, vinda do país vizinho e acompanhada de uns amigos, segundo refere. Além de outros aspectos a visita tinha em mira a “Casa dos Condes”.
A foto é bem elucidativa do abandono do amendoal, o que era impensável há cinquenta anos, já que a amêndoa era o produto onde os pequenos proprietários realizavam algum dinheiro.
[A caminho de Alcoutim. Foto de JV, 2010]
A amendoeira espalhou-se pelo litoral algarvio constituindo um rendimento apreciável do agricultor a que se juntava o do figo principalmente seco e numa faixa central a alfarroba, nomeadamente no concelho de Loulé.
A floração da amendoeira, misturando o branco com o cor-de-rosa ténue, foi um dos primeiros atractivos que trouxeram turistas nacionais e estrangeiros.
O desenvolvimento urbanístico levou à ocupação de terrenos onde anteriormente eram amendoais, juntando também o abandono a que o camponês o votou devido a solicitações mais compensadoras.
[Pormenor. Foto JV, 2010]
Enquanto isto se ia passando, o Algarve serrano após ter abandonado a cultura cerealífera, dirigiu o seu interesse para esta cultura o que fez sem sentido técnico por falta de conhecimentos e principalmente por falta de ajuda. Os amendoais semearam-se por processos inteiramente primitivos, sem tomar em consideração as condições dos terrenos, sem conhecer as espécies e sem escolher as mais adequadas, principalmente quanto à época da floração, que deveria ser o mais tardia possível devido às geadas próprias da zona que poderia dizimar a flor.
[Em Afonso Vicente. Foto JV, 2010]
Na década de 60 do século passado os novos amendoais começavam a produzir os seus frutos e os alcoutenejos a ver nas mãos algum dinheiro que os compensava do esforço feito. É que os amendoais não foram subvencionados como foi a florestação com pinheiros e azinheiras.
[A caminho dos Premedeiros. Foto JV, 2010]
Entretanto países que importavam a nossa amêndoa, tornaram-se produtores por processos evoluídos. A falta de mão-de-obra e a subida dos salários, com o decréscimo do preço, deu-lhe a machadada fatal, de tal maneira que poucos são aqueles que as apanham. Ficam nas árvores e quando caem são manjar dos javalis.
Totalmente abandonadas, árvores relativamente novas secam-se com grande facilidade.
Voltaremos um dia ao assunto noutra perspectiva.