sexta-feira, 16 de abril de 2010

A água na aldeia de Vaqueiros

É sempre tema a referir pela importância que representa para a vida. Não pode existir uma povoação sem água e ela foi sempre e será uma preocupação das populações.

É de Silva Lopes a primeira referência que temos. Diz assim: “Dentro da aldeia tem dous poços com abundância de água para o uso commum dos habitantes, muito límpida, saborosa e hum tanto ferrea: há outro denominado Fontão do Serro com água grosseira que serve para os gados, regas e outros semelhantes usos.” (1)

Na Sessão de Câmara de 29 de Setembro de 1844, foi apresentado um requerimento assinado pela maioria do povo da aldeia, em que se contestava o excesso da derrama lançada e talvez feita unicamente para satisfazer fins particulares, pedindo, por isso, ser aliviados de tal derrama.

Em face do exposto e tomando em consideração que os requerentes se não pagarem também não usufruirão dos benefícios, deliberou a Câmara suspender a cobrança de tal derrama, autorizando, contudo, o Regedor a mandar fazer os reparos indispensáveis até ao montante de mil réis, pagos pela Câmara.

[Fonte da Parra recuperada]

A Fonte da Parra, próximo da aldeia, continua a merecer as atenções. Anos depois o vereador Manuel Luís comunicou à Câmara que a fonte se achava já pronta e que examinadas as despesas feitas, verificou que ascendeu a mais de treze mil réis, mas que do cofre do concelho somente deveriam sair nove mil e seiscentos réis, porque o excedente pode ser recebido pelo encarregado da obra por subscrição voluntária entre os seus habitantes. (2)

O Regedor, em 1858 e em nome dos habitantes, informou a Câmara que a Fonte Férrea do sítio da Parra, situada nas proximidades da estrada (?) que vai para Tavira, estava arruinada, deixando sair a água, evitando que corra para o tanque feito para beberem os animais e cavalgaduras dos viandantes. Sugeria o mesmo regedor que a Câmara concorresse com alguma quantia que adicionada à que os habitantes voluntariamente oferecessem fosse aplicada na sua reparação, com o que a Câmara concordou. (3)

Na Sessão da Câmara Municipal realizada em 21 de Março de 1870, é presente um requerimento assinado por Alexandre José de Lima e outros da aldeia de Vaqueiros queixando-se de J.G. F., da mesma aldeia, por ter cercado e metido dentro de uma horta a fonte pública chamada a Fonte da Parra, que é propriedade do município e na qual a Câmara e o povo têm por diferentes vezes feito despesa. Pede o mesmo requerimento a demolição da parede feita e que a fonte fique livre e desembaraçada como antes estava para uso do povo.

A Câmara deliberou mandar intimar o transgressor a fim de proceder à demolição no prazo de três dias e pagar a multa de mil réis.

[Fonte da Parra, parte envolvente]
Recentemente, mais propriamente em 2003, a Junta de Freguesia em colaboração com a Câmara Municipal recuperou a Fonte da Parra, qualificando a área envolvente como de lazer e convívio.(4)

A aldeia de Vaqueiros beneficia do saneamento básico desde 1985. (4)


NOTAS

(1)-Corografia do Reino do Algarve , 1841.
(2)-Acta da sessão da C.M.A. de 8 de Outubro de 1850.
(3)-Correição de 26 de Julho de 1858.
(4)-Alcoutim, Revista Municipal, nº 10 de Dezembro de 2003, p 22)
(5)-Jornal do Algarve de 6 de Junho de 1985