Nasceu no “monte” do Deserto (Balurcos), freguesia e concelho de Alcoutim, no dia 25 de Agosto de 1939.
Filho de José Ribeiro Pica e de Cesaltina da Conceição Ribeiro tem uma vida agitada e aos vinte e dois anos fixa-se na Ribeira de Santarém.
Fez a primeira exposição numa galeria de Lisboa. O sucesso deu-lhe oportunidade de aumentar a fama do seu nome assim como das suas obras.
O artista no seu atelier. Foto cedida por seu filho Bruno Ribeiro. |
Realiza mais exposições, pintando para todas as galerias de Lisboa, Setúbal, Santarém, Faro e Porto.
Vai para Viana de Áustria onde também expõe, tal como na Bélgica, França e Espanha.
Regressado a Santarém, compram-lhe todos os trabalhos que possuía. (1)
Expõe em Moura (onde viveu), em 1976 nas futuras instalações de um Banco e em Almada, no mesmo ano, a convite de mourenses residentes naquela cidade.
A última exposição feita até 1987 tinha tido lugar na cidade do Funchal.
Em fins de 1987 o seu atelier era na Rua do Pocinho, na Ribeira de Santarém e foi aí que o encontrámos e conhecemos pessoalmente.
A actividade do artista incidia fundamentalmente na paisagem imaginária onde o arvoredo tinha um lugar de destaque e em que era perito.
Sérgio Pica, autodidacta que vivia exclusivamente da sua arte, fazia óleos com sentido comercial, “fabricando” em série. Na altura (1987) pintava telas de 100 X 60 cm que vendia por cerca de vinte mil escudos!
O artista confidenciou-nos que tinha muito gosto em que as pessoas possuíssem os seus trabalhos e com isso só precisava de dinheiro para viver.
Mas Sérgio Pica tinha outras actividades complementares de sentido ocupacional. Foi elemento do Rancho Folclórico da Ribeira de Santarém, onde tocava reco- reco , e fundou a Rádio Santa Iria na altura da “pirataria “.
Grande amador da pesca desportiva, entrou em muitos concursos no País e no estrangeiro. Venceu em 1970 o concurso internacional de pesca desportiva de Torres Novas, capturando cento e cinquenta exemplares e em representação do Águias de Alpiarça.
No concurso internacional de Almodava d `El-Rio – Córdova, o S. L. e Benfica obtém o primeiro lugar e Sérgio Pica faz parte da equipa.
Extremamente inconstante, o que é vulgar nos artistas, representou na modalidade variadíssimas equipas.
Na altura, possuía mais de duzentos troféus.
[O monte do Deserto, onde nasceu. Foto J.V., 2009]
A imprensa regional (3) trouxe-nos a notícia:- “Pintor de Belas Artes e animador de rádio, (...) aponta a arma à cabeça e deu os tiros fatais (...)”. Ainda foi transportado ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa onde veio a falecer.
O funeral realizou-se no dia 23 de Fevereiro de 1995 para o cemitério da Ribeira de Santarém, freguesia ribeirinha da cidade de Santarém onde era figura popular e considerada pessoa pacata.
Não resisto a contar um facto passado em Agosto de 1996.
Numa visita a familiares de minha mulher, reparei num óleo muito interessante que estava numa das paredes da sala. Chamou-me a atenção pois já tinha visto pintura que me lembrava aquela. Foi fácil verificar que se tratava de um óleo de Sérgio Pica, datado de 1975!
E mais curioso é saber que o proprietário do quadro é filho do padrinho de baptismo de Sérgio Pica e desconhecia o facto.
Encontrei em 1998 outra tela do artista na sede de um partido político em Vila Real de Sto. António.
NOTAS
(1)-Correio do Ribatejo, de 16 de Junho de 1976.
(2)-Elementos recolhidos junto do artista no seu atelier, em Dezembro de 1987.
(3)-"Pintor tenta matar a mulher e suicida-se", in jornal O Ribatejo, de Santarém, de 23 de Fevereiro de 1995.