segunda-feira, 12 de abril de 2010

Silgado, pequeno monte despovoado na fregeusia de Martim Longo



A primeira vez que passámos junto a este pequeno monte, a estrada tinha sido acabada de abrir e ainda não estava alcatroada. Foi em meados da década de 80 do século passado.

Saímos de Martim Longo a cuja freguesia pertence, pela estrada 124 e ao Vale Jubão ou do Gimão (1) cortámos à direita. Pouco depois e do mesmo lado situa-se este pequeno aglomerado populacional que se dispõe na base e na encosta de um pequeno cerro.

Este monte poderá ser considerado como o primeiro do planalto do Pereirão, para quem o percorre neste sentido, e onde as ravinas só aparecem quando nos aproximamos das ribeiras do Vascão ou da Foupana, que limitam a zona.

Nesta zona foram localizados vários sítios com ocupação tardo-romana e muçulmana.

Registou-se em 1879 uma mina de cobre associado a outros metais, próximo desta localidade. (2)

As Memórias Paroquiais (1758) referem-no como Monte do Silgado, mas não indica o número de vizinhos, tal como acontece com os restantes.

Em 30 de Junho de 1771, fazia o seu manifesto de gado na Câmara, António Afonso, morador no Sirgado e não Silgado como se designa hoje. Contudo, nas referidas Memórias Paroquiais, de data mais recuada, não existem dúvidas, é mesmo Silgado.

No princípio do século passado, (1911), tinha 28 habitantes, passou a 38 em 1940 mas em 1970 já tinha descido para 27. No censo populacional (1991) registava-se a presença apenas de quatro moradores. Vinte anos decorridos, consta-nos que já não vive lá ninguém.

José Pedro Machado (3) admite que o topónimo tenha relação com a natureza geológica dos terrenos (sílica, quartzo?)

Admitindo que alguma vez tivesse sido Sirgado, talvez a sua origem pudesse estar em sirga, corda.

As ruas ainda foram pavimentadas em 1989. (4)

Além deste topónimo existe outro igual na freguesia de Alagoa, concelho de Portalegre, mas não encontrámos nenhum Sirgado.

NOTAS

(1)–Esta última designação é a que consta do Regulamento do Plano Director Municipal de Alcoutim, publicado no D.R. nº 285, de 12 de Dezembro de 1995.

(2)–“O Algarve Oriental durante a ocupação islâmica" in al`-ulyã, Revista do Arquivo Municipal de Loulé, nº 6, 1997/98, I Vol., p 285

(3)–Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, Horizonte/Confluência, 1993, III Vol. p 1347

(4)-Boletim Municipal nº 5, de Setembro de 1989.