sexta-feira, 9 de abril de 2010

Manuel José da Trindade e Lima


Professor do Ensino Primário Oficial.

Filho de José Francisco da Trindade, de Alcoutim e de D. Bárbara Maria, natural de Giões, nasceu nesta vila a 1 de Março de 1897 e faleceu na cidade de Lisboa, freguesia da Pena a l9 de Abril de 1980.

Após o 5º ano feito no Liceu de Faro, ingressou na Escola do Magistério da mesma cidade, curso que terminou em 1916 com a alta classificação de 18 valores.

Iniciando (1917) o magistério na terra que o viu nascer, disputou o lugar com o conhecido Prof. Manuel António Janeiro Acabado.

Aqui se mantém cerca de vinte anos, tendo ensinado gerações de alcoutinenses. Ficou vincada a sua capacidade de ensino.

Deu valioso contributo à Santa Casa da Misericórdia durante muitos anos, exercendo as funções de provedor em 1931/32.

Com o Dr. João Francisco Dias e seu sogro, Manuel Lopes, que na altura constituíam a mesa da Santa Casa (Provedor, Secretário e Tesoureiro) levaram a cabo a criação de um pequeno hospital que tão útil foi à vila e concelho.

Fez parte da Comissão Municipal da Campanha do Trigo.

Presidiu à Câmara Municipal por três vezes, sendo a última de 8 de Janeiro de 1938 a 21 de Janeiro de 1939. Foi o chefe “situacionista” no concelho de Alcoutim, assumindo-se um verdadeiro “salazarista”.

Na qualidade de Presidente da Comissão Administrativa da Câmara, vai junto do Ministro da Instrução e obtém a criação de diversos postos de ensino no concelho, como foi o caso de Palmeira, Santa Marta, Afonso Vicente, Santa Justa e outros. (1)

Sabemos que na inauguração do posto de Pão Duro, andou por lá dois ou três dias, já que então a deslocação a essas paragens só se podia fazer de burro ou a pé!

Entre 1934 e 1935 desloca-se várias vezes a Lisboa para tratar de assuntos de interesse para o concelho, nomeadamente sobre estradas, correio e telefones.

Na J.A.E. foi-lhe prometido e garantido que dada a impossibilidade absoluta da estrada do Vascão ser feita directamente a esta vila, visto ser uma estrada de longo curso e esse estudo ter que ser feito do Vascão directo ao ponto marcado entre a Corte da Seda e os Balurcos, (actual Cruzamento ou Quatro Estradas) seria feito um ramal para a vila. (2)

O prof. Trindade e Lima é o procurador ao Conselho Provincial pela Câmara de Alcoutim. (3)

Entretanto, para que os filhos, a quem ministra a instrução primária iniciem os estudos liceais, fixa residência na capital algarvia e exerce funções em Vila Real de Santo António.

Em 1941 consegue a transferência para aquela cidade, mas dois anos depois tem de abalar para Lisboa a fim dos filhos prosseguirem estudos superiores.

De 1955 a 1967, faz parte dos júris permanentes dos exames de adultos, aposentando-se por limite de idade após cinquenta anos ininterruptos de serviço, dedicados ao ensino.

[Casa dos Condes que foi sua propriedade e onde viveu a Família Trindade e Lima. Foto JV, 1969]

Trindade e Lima foi um amante do jornalismo, tendo colaborado em vários jornais e revistas. Entre outros, beneficiaram da sua pena, o Algarve Ilustrado, sendo das últimas colaborações que lhe conhecemos a que prestou ao semanário tavirense, “O Povo Algarvio”, onde possuía a coluna “Pequenos Apontamentos”. Aqui podem os alcoutinenses encontrar algo sobre a sua terra, a “Vila Pequenina” como sempre lhe chamou este alcoutenejo que escreveu em louvor da vila raiana.

Além da escrita, o prof. Trindade cultivava a oratória, sendo considerado exímio orador.

Colocada a situação a um dos seus filhos, lamentou-nos não ter herdado essas qualidades do pai, que lhe fizeram falta pela vida fora.


A Câmara Municipal prestou-lhe pública homenagem dando o seu nome a uma rua da vila. O acto decorreu no dia 9 de Setembro de 1984 que coincidiu com o feriado municipal. (4)

Só muito recentemente e por intermédio de um antigo aluno tivemos conhecimento do seu gosto pela poesia, que cultivava. Nunca tal tínhamos ouvido dizer! (5)


N.B.
Extraído de Alcoutim, Capital do Nordesre Algarvio (Subsídios para uma monografia), 2ª Edição, em preparação.