quinta-feira, 28 de julho de 2011

A alfarrobeira, talvez a mais interessante árvore "algarvia"



A alfarrobeira (ceratonia siliqua L) é uma árvore originária da região mediterrânica que pode atingir 20 metros de altura.

Folhas persistentes e paripinuladas com folíolos ovalados de entre seis e dez e cujo fruto, a alfarroba, (do árabe Al.harruba) é uma vagem, primeiro verde e depois acastanhada e que pode atingir 25 cm de comprimento.

Pensa-se que foi trazida pelos gregos da Ásia Menor e teria sido introduzida em Portugal pelos árabes, assim como o teriam feito em Espanha e no norte de África.

A alfarrobeira que gosta de áreas secas e soalheiras dá-se no sul do país, nomeadamente no Algarve e zonas confinantes do sul do Baixo-Alentejo.

A parte mais valiosa do fruto é a semente que se utiliza na indústria farmacêutica, alimentar e cosmética.
A polpa tem sido essencialmente utilizada na alimentação animal e a sua farinha é usada como antidiarreico.
Ultimamente utiliza-se como substituta do cacau no fabrico de chocolate. São conhecidos actualmente os saborosos licores a que dão origem.
A sua destilação origina aguardente.
A floração dá-se entre Fevereiro e Abril e a apanha entre Agosto e Setembro.

Naturalmente que esta árvore também existe no concelho de Alcoutim, penso que em maior número nas freguesias de Alcoutim e de Vaqueiros, mas em todo o concelho se encontram e algumas com portes consideráveis, principalmente nas proximidades do Guadiana.

São árvores que se destacam pelo seu volume, configuração da copa e pela oferta de excelentes e sadias sombras.

Ainda que normalmente altas, varejam-se facilmente com uma cana pois o fruto é relativamente volumoso e quando maduro cai ao mais leve toque. Apanham-se bem pela mesma razão.

O seu desenvolvimento é lento mas seguro e é considerável a sua longevidade.

Como tem raiz aprumada, de espigão, como diz o povo, não é fácil de transplantar como acontece por exemplo à oliveira, mesmo já bem adulta.

Nascendo espontaneamente aqui no concelho, o homem enxerta-a de borbulha, mas segundo tenho sido informado, requer alguma perícia e conhecimento pois não pegam com facilidade.

Em meados do século passado alguns agricultores começaram a fazer viveiros, enchendo sacos de plástico com estrume bem curtido e onde introduziam uma semente inchada devido a ter sido posta de molho. Esta acção era feita para acelerar a germinação.

Não são árvores que requeiram grande poda.

Em 1962 a Herdade da Malhada situada na freguesia de Vaqueiros é considerada a maior do concelho, dos seus 289 hectares, 60 constituindo a maior parte, era de alfarrobal.
Na recente florestação do concelho, árvores próprias da região como a alfarrobeira e a azinheira foram preteridas em relação ao pinheiro por este ter um desenvolvimento muito mais rápido mas certamente com os inconvenientes próprios causados pela menor adaptação à região.

Nos últimos anos o fruto valorizou imenso pelo que é dos poucos frutos que ainda se apanha,
mas mesmo assim muitos ficam nas árvores e quando caem são aproveitados pelos animais selvagens ou pelo gado.

Além da região mediterrânica as alfarrobeiras dão-se no Egipto, no Sudoeste dos Estados Unidos, no Hawai, na Austrália e ainda na África do Sul.