domingo, 10 de julho de 2011
Quinta-feira de Espiga
Apresentamos mais uma fotografia cedida para esta rubrica pelo nosso amigo e colaborador Amílcar Felício que além de o fazer com a sua prosa e poesia também o faz nesta área de igual importância.
Vem rotulada como passeio ao campo em dia de espiga e no ano de 1953. Já se passaram uns anitos e nessa altura ainda havia gente em Alcoutim!
O que menos interessa para os nossos visitantes / leitores são os nomes das pessoas. Será mais importante reparar na maneira de trajar, nas várias faixas etárias e nos notórios ramos de espiga que se vêem no regaço das jovens, uma das quais reconheço nitidamente e moradora na vila.
O Dia da Espiga é (era) celebrado no dia de Quinta-feira da Ascensão de Norte a Sul do País com algumas pequenas variações mas sempre com o mesmo sentido sagrado e com reminiscências de cultos pagãos.
É considerado "o dia mais santo do ano", um dia em que não se devia trabalhar, pois nele, acreditava-se “que havia uma hora em que tudo parava, as águas dos ribeiros não corriam, o leite não coalhava e o pão não levedava”.
Pelo menos da parte da tarde ninguém trabalhava e iam aos campos colher as plantas para “o ramo da espiga” e onde não faltava a espiga de trigo, que simbolizava o pão, o malmequer, o ouro e a prata, a papoila o amor, o raminho de oliveira em flor o azeite, a luz e a paz, e a videira o vinho e a alegria. Estas eram as mais tradicionais, mas havia quem lhe juntasse outras.
Era tradição que o raminho fosse pendurado atrás da porta principal da casa para que nela pudesse existir tudo aquilo que os vários componentes simbolizavam e só se retirava no ano seguinte com a substituição de um novo.
Era normal almoçar ou merendar no campo nesse dia.
Tudo isto hoje não passa de uma recordação já longínqua e que os jovens desconhecem de uma maneira geral.