sexta-feira, 15 de julho de 2011

Demografia na Freguesia de Martim Longo em 1865

Pequena nota
Após termos analisado o que obtivemos através de pesquisa efectuada em documentos oficiais sobre o que aconteceu a nível demográfico na freguesia de Alcoutim em 1865 e que aqui já publicámos, tivemos curiosidade em saber o que se passou na freguesia de Martim Longo no mesmo período.
Aqui vos deixamos os elementos obtidos vistos por um prisma necessariamente não coincidente.

JV

[Martim Longo. Antiga Rua Direita, actual Antero Cabral]

Durante o ano de 1865 nasceram 78 crianças na freguesia de Martim Longo, enquanto faleceram 40, obtendo-se assim uma maioria para os nascimentos de 38, o que representa uma percentagem muito considerável.

Podemos anotar que nasceram 43 do sexo masculino sendo consequentemente 35 do feminino.

No espaço físico da freguesia só não houve nascimentos em Diogo Dias, Casa Nova do Pereirão, Pereirão e ainda na Arrizada. Todos os outros núcleos populacionais tiveram movimento, incluindo o há muito desabitado monte dos Relvais, onde nasceu Manuel, filho de José Lopes, lavrador e de Maria Rosa.

Estatisticamente verificámos que foi na aldeia que aconteceram mais nascimentos (21), seguindo-se o monte do Pessegueiro (10), Barrada (8), Santa Justa (6) e Castelhanos (5) o que confirma a importância que foram mantendo a nível local.

Não podemos deixar de referir o facto de que no já desabitado monte do Silgado durante o ano em análise nasceram (4) crianças, (o que começa a ser difícil acontecer em todo o concelho) acontecendo o mesmo em Monte Argil que está quase na mesmo situação habitacional. São por isso montes em que a desertificação já fez o seu trabalho e que se está a estender aos vizinhos.

Voltamo-nos agora para os óbitos onde naturalmente na aldeia aconteceu o maior número (10), seguido novamente do Pessegueiro (8), de Santa Justa (4) e de Pêro Dias e Lutão com (3).

Nos montes de Pêro Dias (-2), Lutão (-1), Gagos (-1) e Diogo Dias (-1) os óbitos foram superiores aos nascimentos.

Dos 40 óbitos registados, 15 foram de indivíduos até aos sete anos pelo que a mortalidade infantil era muito elevada, 37,5%.

Sem tomarmos em consideração os dados destes últimos, verifica-se que os homens faleceram com uma média de 64 anos e as mulheres com pouco mais de 46.

A nível de profissões que encontrámos referidas nos assentos, aparecem em maior número as ligadas ao cultivo da terra como lavradores e jornaleiros. Registamos também o “pastor de gado”, os vários oleiros de que a aldeia era fértil, sapateiros, alfaiates, ferreiros, pedreiros, albardeiros, um lojista (comerciante com loja) e quatro “molineiros”, todos de nome Rodrigues, Álvaro e Silvestre no Azinhal, José na Barrada e David no Pessegueiro. Será coincidência ou serão todos da mesma família?

Nunca nos tinha aparecido tal palavra nem escrita nem falada, mas não era difícil relacioná-la com moinho, molinhar que significa entre outras coisas moer aos poucos e a miúdo, pôr o moinho a funcionar.

Como sinónimo de moleiro encontrámo-lo no dialecto mirandês. Em espanhol é molinero.

É nítida, como acontece a tantas outras no concelho de Alcoutim, a influência da língua do país vizinho.

Para terminar apresentamos um quadro resumo do movimento operado.