sexta-feira, 1 de julho de 2011

Barroso, monte airoso da freguesia de Martim Longo



Barroso é uma pequena povoação pertencente à freguesia de Martim Longo. Situa-se entre as Mestras, a 1,5 km e a Arrizada, a 2,5, outras duas pequenas povoações da mesma freguesia.

Passa-lhe relativamente próximo, a cerca de 1000 metros, a ribeira da Foupana.

Entre este monte e a Arrizada passa a estrada nº 124 que liga toda esta zona da serra do Caldeirão ao Algarve litoral.

A estrada, que lhe dá acesso, é a que percorre o planalto do Pereirão, freguesia de Martim Longo cuja principal povoação é o monte do Pessegueiro, possivelmente o monte mais importante de todo o concelho de Alcoutim.

Quando o visitámos, era um lugarejo muito airoso, florido, com as casas bem cuidadas, pelo menos aquelas que vimos.

A notícia mais antiga, que possuímos e como acontece quase sempre, é a que nos dá as Memórias Paroquiais (1758), ainda que o pároco não tenha indicado discriminadamente o número de vizinhos.

Também sabemos que a pastorícia tinha lugar de destaque e em 1774, Silvestre Roiz (Rodrigues) manifestava na Câmara o seu gado constituído por bovinos, ovinos e caprinos.

Em 1797 o padre da freguesia, Manuel Machado de Athaíde, no “rol da desobriga pascal”, refere nesta povoação as casas de João Rodrigues Castanho, Maria Dias, António da Palma, António Fernandes, Silvestre Rodrigues, José Dias Neves, José Neves, José Fernandes e José Rodrigues Dias. (1) Verificamos assim que o manifestante de gado, possivelmente lavrador, cerca de vinte anos depois aparece referido.

Abordaremos agora o topónimo que nos aparece referido seis vezes no país, sendo uma delas dando o nome a uma serra. Segundo José Pedro Machado (2) provém do adjectivo barroso “em que há barro”, “abundante em barro” e já estudado por Leite de Vasconcelos.

[Vista parcial da povoação. Foto JV]
O feminino barrosa é mais frequente, identificámos 17 (3), além de muitos mais no plural e outros com raiz idêntica.

A nível de população, Silva Lopes não o refere no quadro anexo à sua Corografia do Algarve, (1841) onde indica o número de fogos em relação ao ano de 1839.

Do que se conhece, o auge populacional é alcançado com 83 habitantes em 1940. Em 1911 já possuía 82. Em 1960 já se encontrava em decréscimo (77), passando a 63 em 1970 e 40 em 1981. (4)

Dez anos depois, 1991, o respectivo censo indica o mesmo número de habitantes em dezoito fogos mas vinte anos passados o número deve ter descido consideravelmente em sintonia com o que aconteceu no concelho.

As crianças frequentavam a escola da Corte Serranos que ficava a uma distância de 3,5 km, hoje, se as houver, têm que se deslocar a Martim Longo a 10,5 km.

A energia eléctrica foi inaugurada em 4 de Dezembro de 1985 (5) e em 1989 foram concluídos os fontanários. (6)

A construção de um pontão com passadeiras foi uma obra importante para a população.(7) Existe uma barragem de terra.

Em 1998 foi colocado um painel de caixas do correio (8) para em 2001 a água ser levada ao domicílio. (9)

O Clube da Caçadores de Ferradouro mantém uma zona de caça associativa.

Dista 40 km da sede do concelho.



Notas

(1) – Os Montes do Nordeste Algarvio, Cristiana Bastos, Edições Cosmos, 1993, p.30
(2) – Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, Horizonte / Confluência, 1993, p. 224
(3) – Novo Dicionário Corográfico de Portugal, A.C. Amaral Frazão, Editorial Domingos Barreira, Porto, 1981.
(4) - Os Montes do Nordeste Algarvio, Cristiana Bastos, Edições Cosmos, 1993, p.74
(5) – Jornal do Algarve de 5 de Dezembro de 1985
(6) – Boletim Municipal nº 5 de Setembro de 1989, p 5
(7) – Alcoutim, Revista Municipal, nº 4, de Dezembro de 1996, p 8
(8) – Alcoutim, Revista Municipal, nº 6 de Janeiro de 1999, p 11
(9) – Alcoutim, Revista Municipal nº 8, de Setembro de 2001, p. 12.