[Irá ficar assim?]
Os órgãos de comunicação social badalaram há dias os resultados provisórios do Censo Populacional de 2011 e foi a vez, como é habitual de Alcoutim ocupar um lugar de destaque (pela negativa) sendo o concelho que em todo o País teve a maior percentagem, de diminuição de população residente, isto em contrapartida com o que se passou genericamente no Algarve.
A percentagem obtida é de 23, 21 % , o que é bastante significativa, verificando-se um aumento considerável em relação ao censo anterior, calculada em 17,53 %.
Desde 1960 que é notória a diminuição da população com o abandono para outras regiões em procura de melhores condições de vida, o que é legítimo e se aplaude. Cintura industrial de Lisboa e de Setúbal e depois o litoral algarvio quando o turismo se começou a desenvolver, primeiro no fornecimento de mão-de-obra para construção, depois no comércio, nomeadamente na restauração.
Por outro lado a França, Alemanha, Suíça e Luxemburgo principalmente foram destino de muitos alcoutenenses.
Se é verdade que o decréscimo populacional se inicia na década de 60 atingindo 28,08%, inicia-se um travão em 1981, pois a percentagem passou para 21,23, continuando a descer na seguinte (1991) para 13,14.
A partir daí tem sido sempre a subir, pois passou para 17,53 em 2001, encontrando-se agora em 23,21%.
É evidente que não existe uma varinha mágica para modificar esta situação e seria quase impossível invertê-la, contudo, acreditamos que seria viável uma estabilização ou pelo menos colocar o travão, que não se verifica.
Não somos ingénuos para acreditar que o mal vem das regras do Ordenamento do Território, significando isto tentar tapar o sol com uma peneira. Não contestamos que poderá ter alguma importância mas distante de ser a única.
O fenómeno não é exclusivo do concelho de Alcoutim, alberga todo o interior do país e onde muitos políticos procuram inverter a situação, quase sempre sem o conseguirem.
Tudo isto tem a ver com variadíssimas situações nas quais não podemos escamotear os erros de políticas inadequadas e praticadas a nível nacional e local. Isto é o que nos parece ser a verdade.
Alcoutim praticamente não produz nada a não ser como couto cinegético em que se transformou, mas isso é uma gota de água para as suas necessidades. A florestação vai produzindo os subsídios, mas já se vêem muitas zonas abafadas pelos matos. O desenvolvimento verificado é muito lento e veremos quando atingem a maturidade. E os incêndios?
[O futuro previsto será este?. Foto JV, 2010]
Os campos deixaram de produzir cereais como tinha que acontecer e a “riqueza” que constituía a amêndoa desmoronou-se como um baralho de cartas devido a muitos factores principalmente ao desconhecimento técnico. Os alcoutenejos semearam as suas amendoeiras como os árabes o fizeram e não conheciam as castas adequadas ao terreno e clima!
Quem os auxiliou nessa tarefa? Ninguém. Hoje, não se apanha uma amêndoa e servem de alimento aos javalis.
Não são os vizinhos espanhóis que estão a plantar olivais no Alentejo como os portugueses nunca fizeram? Ainda há dias ouvimos na rádio dizer que os espanhóis estavam a arrendar terrenos em Elvas para semear alhos!
São estas pequenas coisas que originam grandes diferenças.
Não é possuir umas dezenas de postos de trabalho nas autarquias que resolve problemas deste tipo, como é por demais evidente e até acontece que há quem viva noutros concelhos.
O assunto merece uma abordagem séria com troca de opiniões emanadas de sectores diferentes e de pessoas conceituadas e habilitadas nessas áreas de intervenção.
Se assim não for, a derrapagem continuará a acelerar e dentro de vinte anos a grande maioria dos “montes” estará completamente despovoada.
Esta é a minha opinião que aqui expresso como cidadão contribuinte do concelho.
Para terminar e nem tudo ser negro diremos que as Câmara de Alcoutim e de Terras do Bouro, das mais pobres do país, são os municípios que pagam mais rapidamente aos seus fornecedores ou seja, num prazo de 3 dias! Valha-nos isso.