[Igreja Matriz. Foto JV, 2009]
Desta vez foi a freguesia de Alcoutim o alvo da nossa atenção.
Fomos verificar os baptismos, 81, sendo 2 de crianças nascidas fora da freguesia, uma na vila de Olhão e outra no monte de Corte Serranos, freguesia de Martim Longo.
Quanto aos óbitos o seu número foi de 69. Verifica-se assim que nasceram mais 10 do que morreram.
Praticamente verificou-se movimento em todas as povoações da freguesia, ainda que em algumas só se tivessem ocorrido nascimentos (Cercado, Montinho das Laranjeiras, Balurco de Cima, Torneiro e Corte das Donas), enquanto noutras, (Deserto e Casa Velha só se verificaram óbitos.
O maior número de nascimentos aconteceu nas Cortes Pereiras (8) e isto sem contar com os verificados no S. Martinho (4), que é sempre apresentado como independente das Cortes Pereiras, por razões que fundamentámos em outras ocasiões.
Com 7 aparecem depois a Vila, Álamo, Guerreiros do Rio e Cerro. Se tomarmos em consideração que nas Laranjeiras nasceram 5 e no Montinho 1, verificamos que os “montes do rio” totalizam 20, o que demonstra um número razoável de habitantes sustentado com base no Guadiana a nível de pesca, transportes e riqueza agrícola das suas margens.
Em relação aos óbitos, é a Vila que encabeça com 15, apresentando assim uma diferença negativa de 8. Seguem-se em número de mortos as Cortes Pereiras com 12, Palmeira com 7, Álamo e Afonso Vicente com 4 cada.
Os dados obtidos podem-nos sugerir diversos olhares e isto conforme a disposição que na altura da observação tivermos.
[Apesar dos anos passados esta rua continua a existir em Alcoutim]
Atendendo a que nos aparece a designação toponímica de algumas artérias da vila, verificamos que na Rua Portas de Tavira, hoje desdobrada em Rua Dr. João Dias e Rua D. Sancho II, faleceram 6 indivíduos, enquanto na Rua da Conceição aconteceu o mesmo a 4 e nas Ruas da Boavista, da Igreja (actual 25 de Abril) e da Corredoura (actual Portas de Mértola) faleceu 1 em cada.
A supremacia da rua direita das Portas de Tavira como principal rua do velho burgo mais uma vez aqui aparece evidenciada apesar da porta há muito já não existir.
Verificaram-se 3 mortes “extramuros” da vila como nos termos lavrados se refere: uma no Rossio, outra nos Premideiros (hoje Premedeiros) de Cima e outra ocorrida às 6 da tarde do dia 21 de Junho “no moinho de vento, extramuros desta vila” e que já abordámos noutra entrada.
[Portão do cemitério. Foto JV, 2009]
Dos óbitos, 42% dizem respeito a indivíduos até aos 7 anos, o que representa um número bastante considerável. Sem tomar em conta estes, a média obtida por falecimento foi de 47,95 anos, o que nos tempos de hoje consideramos uns jovens.
O falecimento mais idoso teve lugar nas “Casas Brancas” (actual Casa Branca) na pessoa de Manuel Gomes Relógio aos 95 anos casado com Gertrudes Luísa, tendo deixado 6 filhos.
No monte da Casa Velha que presumimos ser próximo do Montinho das Laranjeiras e dizemos isto porque entre o Marmeleiro e o Torneiro existiu outro pequeno monte com a mesma designação, verificaram-se três óbitos em 1865.
Igualmente não nos passou despercebida a referência a expostos que iremos sintetizar.
Tendo sido encontrado à porta de Manuel Cotta, no monte de Corte Serranos, uma criança do sexo masculino a quem foi dado o nome de Francisco Caraciolo, veio a falecer com seis meses quando estava a cargo de Fortunata Rosa que vivia na Rua da Boavista, na vila de Alcoutim.
A outra criança do sexo masculino e que foi exposta na roda da vila, foi dado o nome de Miguel dos Anjos. Veio a falecer com cerca de um ano quando estava a cargo de Genoveva Maria.
Outro exposto, que veio a receber o nome de Tomé, teve lugar em Afonso Vicente e ficou a cargo de Felícia Martins à porta da qual teria sido deixado, segundo presumimos por falta de outra indicação.
Igualmente veio a falecer na vila de Alcoutim em casa de seus pais adoptivos, Luísa Maria, com cinco anos, que tinha sido exposta na Roda de Ayamonte.
Também enjeitada na Roda de Ayamonte, Gertrudes Eugénia falece com 6 anos em casa de seus pais adoptivos na Rua Portas de Tavira.
Igualmente se faz notar Manuel Conceição falecido em Santa Marta, com 73 anos, viúvo de Domingas Marta e que deixou treze filhos.
A nível de profissões além dos lavradores e jornaleiros em maior número, aparecem maiorais.
Relacionados com o rio, barqueiros e marítimos.
Ferradores, ferreiros e albardeiros, actividades ligadas aos animais de trabalho.
Alfaiates e pedreiros, sempre indispensáveis e até aparece um oleiro na vila, sinal de que nessa altura haveria ainda alguma olaria. Outras apareceram, mas foram estas que considerámos mais representativas da época.
Muitas mais ilações se podem tirar da pesquisa feita. Depende dos olhos de cada um.