quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Álvaro de Alcoutim - Álvaro Gomes de Gouveia - Sargento-mor de Alcoutim






Escreve


Gonçalo Roiz Vilão





Perdidos na bruma da história ficam nomes e personalidades que ao lermos e pesquisarmos num livro que tantos já esqueceram, ressuscitam do baú do tempo e tomam novas formas. Ao rebuscá-los no tempo em que foram verdadeiramente singulares , fazem-nos hoje, perceber a pequenez das nossas vidas, quando nos julgamos heróis de uma época que consideramos ser a verdadeira, esquecendo-nos que este é o nosso tempo e eles foram de um outro igualmente importante e que de alguma forma construíram o nosso.

Álvaro de Alcoutim foi herói, e foi-o na sua época. Ressuscito-o hoje através da palavra, por ser mais uma das muitas personagens que viveu e desempenhou funções no nosso concelho de Alcoutim. Não foi general, tão pouco príncipe, mas foi um bravo sargento na luta contra os castelhanos e na defesa da portugalidade. Álvaro Gomes de Gouveia descrito e conhecido também como Álvaro de Alcoutim poderá ter tido descendência até aos dias de hoje nos diferentes Gomes que existem pelo concelho, já que existem registos de filhos de um Álvaro Gomes nesta época e bem podem ser deste que teve a mercê de fidalgo cavaleiro em 1687.
Vejamos como é descrito em 1841 por Silva Lopes:


“ Natural de Portimão, filho de Manoel Ribeiro de Gouveia, fez relevantes serviços desde soldado até ao posto de sargento-mór e tenente do mestre de campo general no reino do Algarve. Embarcando no anno de 1654 em huma setia, que foi no alcance de hum bergantim de Mouros, e encontrando-se ao sahir da barra de Portimão com mais dous, que vinhão em seguimento de hum navio inglez, se comportou com valentia, causando aos inimigos bastante damno, com que se retirou. Acompanhou o terço do Algarve que passou ao AlêmTejo e se achou na campanha de OJivença em 16ó7, no sitio de Badajoz, e varias acções em que se distinguiu com muito valor , principalmente no rompimento das linhas de Elvas, sendo dos primeiros que avançou com toda a resolução. Reeolhendose com o terço ao Algarve esteve de guarnição 5 mezes em, Castro Marim, donde voltou ao Alêm-Tejo em 1662, ficando encarregado do governo de Veiros com a sua companhia; e depois se achou em vários encontros, uos quaes se portou com bravura, assim como no sitio que soffreo em Évora. Teve parte na batalha do Ameixial, na recuperação de Évora, tomada de Valença de Alcântara, e batalha de Montes Claros, nas quaes obrou acções de valor. Tornou ao Algarve e ocoupou o posto de sargento mor do castello de Alcoutim em que fez relevantes serviços sendo encarregado de varias obras de defesa, ainda com barcos que fez armar para guarda costa, hindo commandando a galeota que foi para a defesa delia, por cujos serviços, e era attenção aos de seu pai no cargo de ouvidor de Portimão nos annos de 1643 até 1665 teve a mercê do foro de fidalgo cavalleiro por alvará de 7 de Julho de 1687 (L. 2. das Mercês de D. Pedro II. f. 228).” (1)

(1) - Silva Lopes, João Baptista (1841); Memória Económica, Estatística e Topográfica do Reino do Algarve; Tipografia da Academia Real de Ciências de Lisboa, Lisboa.