Iremos referir hoje neste espaço de etnografia o utensílio de mesa que acaba por ser uma espécie de pequenino forcado, de uma maneira geral, com quatro dentes e um cabo que se usa para segurar no prato o que se corta e para levar à boca alimentos sólidos.
Apresentamos oito exemplares da nossa pequena colecção. Os três primeiros, que nos ofereceram em Alcoutim, são os mais antigos que conhecemos e que ainda vimos em uso nalgumas casas, pois havia elementos do agregado familiar que os não trocavam a qualquer outro, pois consideravam-no muito mais eficiente na sua acção.
Eram de ferro e não havia dois iguais, visto tratar-se de um trabalho totalmente artesanal.
Pensamos que os ferreiros espalhados pelo concelho os fariam, já que também eram eles que faziam os próprios pregos e tudo o que fosse necessário para a vida de então.
Os dois seguintes são de alumínio. Enquanto o primeiro é de uso comum, o segundo tem a missão de transportar peças ou quantidades maiores nomeadamente para travessas, pratos ou pelanganas.
Tanto no primeiro caso como neste, os cabos são da mesma substância, notando-se nos de alumínio uma tentativa de embelezamento dos mesmos.
Eram muito mais leves, mais higiénicos, menos trabalhosos na sua limpeza, mas menos eficientes no trabalho e partindo-se com facilidade.
Os três últimos já são da conhecida cutelaria de Guimarães, sendo os dentes em ferro, já de fabrico em série. Os cabos de madeira ou corno, notando-se assim uma evolução muito acentuada. Reparar que as três peças têm formatos diferentes. Têm uma maior elegância e eram acompanhados das respectivas facas de decoração semelhante e onde já era gravado a origem do fabrico.
Do talher que hoje usamos com naturalidade, colher, faca e garfo, este foi o último a aparecer, dado que na Idade Média o garfo era substituído pelos dedos.