Já aqui escrevemos sobre várias árvores que se desenvolvem
bem nesta região. Entre elas, aconteceu assim com a amendoeira, alfarrobeira,
oliveira, romãzeira e outras.
Esta fotografia que tirámos a um nosso albricoqueiro deu o
mote para a abordagem.
Tirada já lá vão uns anos, há dois aspectos que saltam à
vista: o grande número de frutos que criou (já tinham caído muitos) e o local
onde se encontra.
Só conhecemos o termo em Alcoutim, pois na nossa região conhecíamos
aquele fruto por damasco, havendo uma variedade de frutos de maior dimensão
chamada alperce.
Albricoque é mais um termo que herdámos do árabe albarkuke que ajustámos à nossa língua.
Devido às características pobres do solo e tal como acontece
com a oliveira, o albricoqueiro obtém-se através de enxertia em amendoeira e
por isso, podemos vê-los nos sítios mais agrestes.
A enxertia é feita através de “canudo” ou seja a “pele” que
se destaca do “pau” interior através de movimento de rotação após corte
circular. A pele tem de sair inteira e daí a designação de canudo. Procura-se
na amendoeira um rebento de dimensões semelhantes, arregaça-se a pele como os
macacos fazem às bananas e introduz-se o canudo até ficar justo e não partir.
Pega com muita facilidade e é feito nos primeiros tempos da rebentação e quando
dá “canudo”, tudo isto obedece a uma técnica ancestral.
Chamámos a atenção para o local onde se encontra.
Houve uma amêndoa que por ali caiu quando o poial era
coberto de lajes e por vezes se criava algum espaço entre elas. Encontrou
condições naturais para germinar. As raízes foram penetrando na pouca terra que
foram encontrando. Entre as rochas apanhou “veio de barro”, como diz o
alcoutenejo, chegando a altura de poder ser enxertada o que deve ter acontecido
à volta de vinte cinco anos.
Quando se arranjou o poial, não houve coragem para o
arrancar. No Verão, de vez em quando é regado e a água provoca naquelas
circunstâncias uma fresquidão prolongada.
Os dicionários apresentam albricoqueiro como sinónimo de
damasqueiro.