O utensílio ou objecto que vamos referir hoje não é como a maioria dos já aqui apresentados, saído das mãos do homem.
A sua existência é que motivou por parte deste o seu
aproveitamento.
Vieira é um molusco acéfalo, lamelibranco e comestível. A
concha côncava que o protege chama-se igualmente “vieira”.
Esta concha, quando de dimensões razoáveis, utilizavam-na os
alcoutenejos para recolher o azeite depois da azeitona ser salgada, pisada,
escaldada e espremida dentro de um taleigo na queijeira. Ao correr para o
alguidar de barro, a água ficava no fundo e o azeite, como mais leve, no cimo e
daqui era recolhido pela vieira. Quando o alguidar estava cheio, abria-se o
espiche junto ao fundo para correr a água russa.
Toda a gente tinha uma ou mais vieiras para esta tarefa anual e arranjavam-nas na praia de Monte Gordo onde apareciam em grande quantidade
Outra das suas utilizações era na preparação do almece para
retirar o soro.
Esta concha era utilizada pelos romeiros, especialmente
pelos que se dirigiam para Santiago de Compostela, no chapéu, constituindo com
o bastão e a cabaça o símbolo da Ordem de Santiago.