quarta-feira, 25 de março de 2009

Balurcos (...) (5ª e última Parte)

ASSOCIATIVISMO

LUTUOSA

Instituição Mutualista fundada em 1932 pela acção do cabo da Guarda Fiscal, Manuel Gomes Galrito e pelo comerciante e artífice, António Afonso, ambos do Cerro e que tivemos o prazer de conhecer.

Esta instituição destinava-se a pagar aos herdeiros dos sócios falecidos um subsídio para custear ou ajudar às despesas do funeral.

Num país em que ninguém possuía qualquer protecção nessas situações e em que meia dúzia podia fazer face a tais despesas, acontecia que na maior parte dos casos para se comprar o simples caixão de quatro tábuas era necessário os vizinhos quotizarem-se, começou a sentir-se a necessidade da criação de uma associação que minorasse esses problemas prementes.

A ideia, consta ter sido trazida da Mina de S. Domingos onde muitos alcoutenejos empregavam a sua força braçal e que vinham a casa de quinze em quinze dias, quando não de mês a mês.

Em 1976 estava pujante e ainda possuía duzentos e vinte sócios. Possuía uma carrinha de madeira própria para transportar os caixões e que mais tarde foi vendida à sua congénere das Cortes Pereiras.


[Cerro dos Balurcos, 2009]

Não havia quota mensal. Quando falecia um associado, todos os outros contribuíam com dois escudos. A Associação punha ao dispor dos herdeiros quatrocentos escudos ou um caixão desse valor de que tinha sempre exemplares numa casita e onde se guardava igualmente a carreta funerária.

A eleição realizava-se todos os anos no dia 1 de Janeiro, não por apresentação de listas ou por rotação, mas sim por sorteio entre os considerados mais aptos, sendo excluídos os analfabetos.

Tais associações, de que esta era a mais bem organizada e com mais associados, espalharam-se por toda a freguesia tendo algumas durado bem pouco tempo. Não as encontrámos na freguesia do Pereiro e pensamos que não existiram em qualquer outra do concelho.

Naturalmente com o rodar dos tempos e com os auxílios estatais prestados, acabaram por sucumbir.

Esta Associação constituiu um orgulho dos balurquenses.

CENTRO RECREATIVO DOS BALURCOS

Sedeado no Balurco de Cima.

Em 1990 a Câmara Municipal de Alcoutim subsidiou esta associação recreativa na compra de um televisor a cores. (17)

Tinha como actividades, torneios de cartas e bailes.
As instalações são próprias e constituídas por uma sala de televisão, um bar, um anexo e sanitários. (18)


ASSOCIAÇÃO DE SOLIDARIEDADE SOCIAL, CULTURA, DESPORTO E ARTE DOS BALURCOS

Esta associação é uma instituição particular de solidariedade Social com sede nos Balurcos, mais propriamente no Montinho dos Balurcos, tendo sido criada em 30 de Abril de 2000.

Tem por lema a solidariedade social, procurando respostas para a faixa etária da terceira idade, afinal aquela que mais prolifera nesta zona e em todo o concelho. Noutro campo, mas igualmente nas mesmas idades, procura dar visibilidade aos usos e costumes desaparecidos ou a desaparecer.


Neste sentido tem vindo a realizar anualmente a agora designada Festa da Maia e antigamente só As Maias. Estes festejos populares tiveram origem nos cultos naturalistas de outrora e em que a Igreja acabou por “adquirir” alguns dos seus elementos. A passagem do tempo estéril para o tempo fecundo e criador e era assim festejada. (19)

Na VII Festa, realizada em 2008, foram apresentados os símbolos da Associação. (20)

A valorização e Reabilitação do Edifício sede (antigas escolas primárias) foram contempladas com cerca de 53 mil euros, e depois com mais 23 mil, isto em 2003.

No ano seguinte e para a aquisição de equipamento para a sede/sala multifuncional foram obtidos cerca de 5 mil para em 2005 serem aplicados cerca de 18 mil.

No dia 28 de Março de 2006 o Director do Centro Distrital de Solidariedade e de Segurança Social visitou esta associação e anunciou a entrega de uma carrinha de transporte que possibilita o acompanhamento de dez utentes.
Foi informado que já existe terreno para a construção de um Lar para a 3ª Idade.
(21)

GRUPO CANTARES TRADICIONAIS DOS BALURCOS

Este grupo de recente fundação surgiu após a realização de um curso de canto da responsabilidade do município de Alcoutim,

É orientado pela professora de música, Ana Paula Baiôa.


[Actuando na Festa da Corte Tabelião de 2007]

Do seu reportório fazem parte, entre outras:- Velhinha, Laurinda, Marcela, e Romã

Que seja do meu conhecimento actuou nas Festas do Monte da Corte Tabelião (2007) e no 4º Encontro de Poesia Popular de Alcoutim, que teve lugar em 18 de Março de 2008.

Muitos mais aspectos existem para referir sobre os Balurcos, mas estes são de momento os que me foi possível compilar.

NOTAS
(1) – Livro de Manifesto e Arrolamento de gados.
(2) – Diário da República nº 285, I Série, de 12 de Dezembro de 1995.
(3) – Corografia (…) do Reino do Algarve, 1841
(4) – "Natalidade na Freguesia de Alcoutim em 1850", post de 23 de Agosto de 2009, http://alcoutimlivre.blogspot.com
(5) – Alcoutim, Capital do Nordeste Algarvio (Subsídios para uma monografia) José Varzeano, 1985 pp 346 e 349.
(6) – O Archeólogo Portuguez, XXIV, ´p.198
(7) – “O Algarve Oriental durante a ocupação islâmica”, Helena Catarino, in al -`-ulyã, Revista do Arquivo Histórico Municipal de Loulé, nº 6 – 1997/98, p. 600.
(8) – http://radix.cultalg.pt
(9) – Acta da Sessão da Câmara Municipal de Alcoutim de 17 de Outubro de 1852.
(10) – Acta da Sessão da Câmara Municipal de Alcoutim de 24 de Abril de 1877.
(11) – Of. Nº 34 de 19 de Março de 1883 para o Governador Civil de Faro.
(12) – Foi o Sr. António Patrocínio dos Santos, da Vila de Alcoutim que desempenhou as funções de maqueiro.
(13) – A Pneumónica no Algarve (1918), Paulo Girão, Caleidoscópio, 2003.
(14) – A Freguesia do Pereiro (do concelho de Alcoutim) «do passado ao presente», José Varzeano, Edição da Junta de Freguesia, 2007, p. 129
(15) – Acta da Sessão da Câmara Municipal de Alcoutim de 29 de Novembro de 1934.
(16) – Jornal da Serra, Junho de 1998.
(17) – Boletim da Câmara Municipal de Alcoutim, nº 7 de Abril de 1990.
(18) – http://. in-loco.pt
(19) - Novo Dicionário Corográfico de Portugal, A. C. Amaral Frazão, Editorial Domingos Barreira, Porto, 1981.
(20) – As Maias, Correia Peixoto, 1990.
(21) – Barlavento online, 12.02.2009