quinta-feira, 26 de março de 2009

A "fritada"

Duas fotografias que apresentamos de meados da década de setenta do século passado trouxeram-nos à mente um costume cheio de ritualismo que nessa época e no mês de Dezembro, era apanágio do concelho de Alcoutim e de outros circunvizinhos.

Tratava-se da matança (aqui mais vulgar matação) do porco, hoje acto proibido ou praticado em situações muito especiais, segundo creio.

Não vamos por agora referir todo este acto mas sim localizarmo-nos no que indica o título, A FRITADA.

Este dia de trabalho, de festa e de convívio, era selado pela fritada que consistia na refeição servida aos convidados que tinham ajudado na tarefa ou a um ou outro a quem se devia alguma consideração especial.



Fritava-se em manteiga, como por aqui designam a banha do porco, numa caçoila ou numa sertã, carne do animal que se tinha abatido logo pela manhã, e em que entrava toda a espécie de carne, nomeadamente aquela que nessa altura tinha mais dificuldade em se conservar, (referimo-nos à conservação através do sal, do fumo e da banha) ou seja a cachola (como designam o fígado) os pulmões, o coração e os rins. Temperava-se com louro e bastante alho, pouco antes de concluída a fritura.

Que me lembre, assisti a quatro matações e são de duas delas que apresento as fotografias de que sou o improvisado fotógrafo.



A primeira teve lugar no monte da Corte da Seda, infelizmente a anfitriã, há muito que nos deixou, mas o seu companheiro continua rijo. Ainda se pode ver na parede, a típica espeteira.

A segunda, realizou-ser na vila, três já não estão no nosso convívio, mas os anfitriões, apesar da avançada idade e dos seus achaques, por cá vão andando e desejo que por muito tempo.

São usos e costumes que se vão esboroando no decorrer dos tempos, como aconteceu a outros de que já ninguém se lembra!