sábado, 28 de março de 2009
A molineta
Ao apresentar este antigo artefacto começo por pedir desculpa da péssima qualidade das ilustrações, mas a verdade é que além da minha pouco habilidade para fotógrafo, a máquina estava com um problema de entrada de luz pelo que há muito foi posta de parte.
As fotografias foram tiradas há quinze anos.
Nos dias de hoje não devem de existir no concelho muitos exemplares do tipo e ainda que tivesse conhecimento da sua existência, até agora só me foi possível observar a fotografada o que me foi facilitado pelo sr. Diamantino Afonso, natural de Afonso Vicente, que a herdou dos pais.
A segunda questão põe-se com a sua designação. Localmente os mais idosos, já que os novos nada sabem dessas coisas, chamam-lhe MOLINETA, daí a designação que lhe demos.
Como é fácil verificar trata-se de duas mós que têm por fim transformar o grão em farinha.
A primitiva trituração de cereais era feita através de duas pedras entre as quais se colocava o grão, esmagado pelo movimento de vaivém. Passou-se depois ao pilão e mais tarde é atribuída aos romanos a introdução das mós circulares, capazes de produzir mais farinha com menos esforço.
Este sistema espalhou-se por todo o país com pequenas variantes. A mó de baixo é fixa, a de cima põe-se em movimento por intermédio de uma espécie de manivela, pau da mó ou estaca. A mó andadeira tem um orifício central, o olho, por onde se deita o grão.
A molineta é colocada numa alcofa feita de empreita, no chão (como representa a ilustração) e é de lá que se retira a farinha que depois é peneirada.
Enquanto o milho moído dava origem ao típico xarém algarvio (papas de milho), o trigo novo dava lugar ao frangolho (papas de trigo).
Este artefacto era designado na zona de Monchique por mozes ou mozinhas de mão, enquanto em Aljezur chamavam moinheta.
Com a evolução técnica, começou a cair em desuso no primeiro quartel do século passado.
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Etnografia Portuguesa, J. Leite de Vasconcellos, Vol.VI, org. por M. Viegas Guerreiro, 1983.
Moinhos, A.Jorge Dias, in Dicionário e História de Portugal, dir. Joel Serrão, Vol.IV.