terça-feira, 27 de julho de 2010

D. Afonso de Noronha, 5º Vice-Rei da Índia


O 4º filho de D. Maria Freire e de D. Fernando de Meneses foi D. Afonso de Noronha que casou com D. Maria de Eça, filha de Fernando de Miranda e de D. Catarina de Eça, Senhora de Santos-o-Velho.

Foi Comendador de Olalhas, de S. Miguel e de S. João da Castanheira, na Ordem de Cristo.

Aposentador-mor do Reino, por carta passada por El-Rei D. João III, em Lisboa, a 13 de Fevereiro de 1525,cargo já desempenhado em tempos por seu avô materno. Parece que veio a vender este ofício, com faculdade Real, a Lourenço de Sousa da Silva.

Substituiu o seu irmão, D. Nuno Álvares de Noronha como Capitão de Ceuta, que governou de 1538 (ou 1540) a 1549 com grande reputação.

Quando em 1548 D. Afonso de Noronha teve que se deslocar a Lisboa, foi sua mulher, D. Maria de Eça, que ficou a capitanear e a governar a Praça.

É no seu tempo que aparecem em África os primeiros jesuítas, em missão junto dos cativos cristãos, entre os quais Luís Gonçalves da Câmara, que veio a ser mestre de D. Sebastião, e o padre João Nunes Barreto, que veio a ser patriarca da Etiópia.

Devido à acção de conquistas do xerife Mulei Moâmede Xeque Almadi as praças portuguesas do Norte de África ficaram debaixo de grande ameaça tanto por terra como por mar, aqui devido à acção de Barba-Roxa.

A tentativa da construção de uma fortaleza no morro Seinel, devido aos vários condicionalismos, não obteve êxito, pelo que D. João III acaba por resolver abandonar as praças de Arzila e Alcácer Ceguer, voltando ao Reino D. Afonso de Noronha.

É nesta altura e tomando em consideração os bons serviços prestados em África que o Rei o nomeia Vice-rei da Índia, substituindo D. João de Castro. Foi 5º Vice-Rei e 16º Governador.

Parte com a sua armada composta de seis naus, em Maio de 1550 e acompanham-no alguns fidalgos que se tinham distinguido nas guerras do norte de África.

Chega a Goa e toma posse do governo a 6 de Novembro de1550. Manda construir as fortalezas dos Reis Magos próximo de Goa e a de Mascate de fortes muralhas. Ormuz, Ternate e Malaca foram valorosamente defendidas por D. António de Noronha e D. Jorge de Meneses.

Voltando a Malaca, derrota o rajá de Chembé e o samorim de Calicute. É durante o seu vice-reinado que os Portugueses sofreram os primeiros ataques dos Turcos.

Enquanto governou houve alterações nas atribuições dos vice-reis, que teriam de funcionar junto com um conselho, que os auxiliaria nos negócios do estado.

No tempo do seu governo estiveram na índia o missionário Francisco Xavier, que morreu em 1552 e Luís de Camões.


O seu vice-reinado durou quatro anos sendo substituído por D. Pedro de Mascarenhas.

Entregando o cargo a D. Pedro de Mascarenhas em 16 de Setembro de1554, regressa a Portugal em Janeiro seguinte.

Foi acusado por alguns de certa falta de energia durante o seu mandato, ainda que tenham sido conseguidos bons feitos militares como o desbarato da armada turca dirigida contra Ormuz.

Regressa a Portugal onde parece ter vivido com indícios de pobreza, servindo o honroso cargo de mordomo-mor da Infanta D. Maria, filha de D. Manuel e da Rainha D. Leonor.

Faleceu com mais de 75 anos, foi sepultado, como muitos dos seus familiares, no Convento de S. Domingos de Santarém, há muito desaparecido.

Do seu casamento resultaram cinco filhos, sendo quatro varões.

Aqui fica esta pequena nota biográfica do 4º filho dos 1ºs Condes de Alcoutim.

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Bibliografia
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
Dicionário Ilustrado da História de Portugal, Lisboa, Publicações Alfa, 1985.
Enciclopédia Verbo. Luso Brasileira de Cultura, Edição Século XXI.
Nobreza de Portugal e do Brasil, 3 Vols., Lisboa, Editorial Enciclopédia, 1961.
História Genealógica da Casa Real Portuguesa, António Caetano de Sousa, Ed. QuidNovi/Público – A.P. da História, Vol V. 2007.
Tratado de todos os Vice-Reis e Governadores da Índia, Editorial Enciclopédia, Limitada, Lisboa/Rio de Janeiro, 1962.
Brasões da Sala de Sintra, (3 vols.) Anselmo Braamcamp Freire, Lisboa, 1927.
Os Vice-Reis da Índia no período da Expansão (1505-1581) – José F. Ferreira Martins, alfa, 1986.
Lello Universal, Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro.
História de Portugália (Uma história de Portugal no Feminino), Manuel Dias Duarte, Editor Ausência, Braga, 2004.
Wikipédia, a enciclopédia livre.