quinta-feira, 1 de julho de 2010

Mina da Cova dos Mouros, ou das Ferrarias



É conhecida pelo menos desde o tempo dos romanos, que a teriam explorado, deixando vestígios dessa actividade.

Situa-se na freguesia de Vaqueiros e próximo do monte das Ferrarias. Quem entrar na freguesia vindo de Martim Longo, encontrará à esquerda um caminho de terra batida que a ela nos conduzirá.

Em 1860, Manuel da Palma que vivia no monte das Ferrarias e José Rodrigues de Alcaria Alta da Serra, freguesia de Cachopo, eram os proprietários da Herdade das Ferrarias, onde se encontra esta mina.

João José Viegas Teixeira (1) apresentou requerimento em que pede a concessão provisória da mina sita na Cova dos Mouros, da qual foi declarado descobridor legal por Portaria de 12 de Janeiro de 1863.

Visto os documentos satisfazerem todos os preceitos estabelecidos por lei, é feita ao requerente a concessão provisória da mina, sendo a respectiva demarcação, a que está indicada na mesma Portaria, devendo o concessionário submetê-la a aprovação do Governo, no prazo de seis meses.

Em 1873 a Câmara preocupa-se, pois apesar do pedido feito, ainda não se tinha deslocado a esta vila o engenheiro do distrito para fazer os estudos da estrada municipal da vila para Giões. A vereação lembra assim a conveniência de se repetir tal pedido, não só para benefício dos habitantes do concelho, como para não desviar deste ponto o embarque dos produtos da mina da Cova dos Mouros. (2)

No ano seguinte o concessionário é intimado para dentro dos prazos satisfazer o que a lei lhe exige.(3)

Em 1877 o engenheiro da mina, Jacinto Gomes, remeteu ao Administrador do Concelho a conta da receita e despesa da mesma mina relativa ao ano de 1876 que depois foi enviada para Beja. (4)

Entretanto morre em Aiamonte o concessionário da mina que tinha um mandato de captura à sua espera.

João Francisco Gomes Delgado, morador em Martim Longo, é em 1880 representante dos concessionários e nesta qualidade intimado para no prazo de quinze dias enviar o mapa da receita e despesa da mesma.

Pinho Leal, no seu conhecido dicionário, Portugal Antigo e Moderno, informa-nos que é uma grande mina de cobre, explorada pelos senhores Visconde de Carregoso (António Gomes Brandão) e António José Pereira de Magalhães e acrescenta que foi comprada ao primeiro proprietário por 50 contos de réis. (5)

Admitimos que o Visconde tivesse laços familiares muito próximos com José Gomes Brandão que foi escrivão da Fazenda, pela mesma altura, neste concelho.

António Gomes Brandão, que entretanto faleceu, foi proprietário de umas casas na vila e que a Fazenda Nacional pretende adquirir. (9) Sabe-se que morou no Largo do Rato, em Lisboa e tinha escritório na Rua das Capelistas, nº 95. (6)

Estas casas na vila, parece-nos (sob reserva) terem sido aquelas que foram ocupadas durante mais de um século pela Guarda Fiscal e que estiveram relacionadas com a actividade da mina, sendo o mineral expedido pelo Guadiana, segundo pensamos, mas nunca encontrámos qualquer referência concreta sobre o assunto.

Em 1883 era presidente da mina, João de Sousa Valente, de Vaqueiros. (7)

Presumimos que nesta fase a Mina da Cova dos Mouros estaria em laboração cerca de vinte e cinco anos.

A última “notícia” que encontrámos data de 1889 (8) em que se toma conhecimento dos roubos praticados na mesma, isto já numa fase de abandono.

O concelho de Alcoutim, em 1886, produziu 250 toneladas de minério de cobre e chumbo. (9)

Em 1930 ainda houve uma tentativa para pôr a mina a funcionar, mas não passou disso.

Foi recentemente criado, com fins turísticos, o Parque Mineiro que possui um itinerário pedestre de 730 metros a céu aberto em que, além da mina de cobre, se faz uma reconstituição pré-histórica, com uma habitação e utensílios primitivos, incluindo representações de figuras da época a trabalhar, dando ao visitante a sensação de estar numa viagem a tempos remotos e viver o quotidiano dos nossos ancestrais, desde a época Calcolítica (2.500 a.C.) ao período Romano.

Pode-se apreciar igualmente a deslumbrante paisagem do Nordeste Algarvio. (10)

Na Cova dos Mouros poderá ainda adquirir o artesanato do concelho e tomar um refresco enquanto aprecia a deslumbrante paisagem do Nordeste Algarvio. (2)


NOTAS

(1)-Exerceu todos os cargos políticos importantes no concelho e era natural de Vaqueiros.

(2)-Acta da Sessão da C.M.A. de 15 de Novembro de 1873.

(3)-Of. Nº 112 de 18 de Novembro de 1874, do Administrador do Concelho.

(4)-Of. Nº 68 de 18 de Julho de 1877, do Administrador do Concelho.

(5)-Vol. V, pág. 101.

(6)-Of. Nº 112 de 18 de Novembro de 1874, do Administrador do Concelho.

(7)-Of. Nº 14, de 1 de Fevereiro de 1883, do Administrador do Concelho.

(8)-Of. Nº 80, de 25 de Abril de 1889, do Administrador do Concelho.

(9)-Dicionário da História de Portugal , Direc. Joel Serrão, Vol. II, pág. 84.

(10)–Uma aventura em Alcoutim (Folheto Turístico).