quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Casa Nova do Pereirão

[Vista parcial. Foto JV, 2009]

Vamos procurar referir hoje o pouco que conhecemos desta pequena povoação que pertence à freguesia de Martim Longo e que se situa lá para os fins do concelho, por este lado.

Parte do topónimo foi buscá-lo à cumeada (sequência de cumes, planalto) designada por Pereirão e que o geólogo francês Charles Bonnet refere como produtora de muito trigo, onde não se encontram árvores sendo escassa de água potável. (1). Talvez dessa escassez tenha origem o topónimo, um aumentativo de pereiro.

Nesta zona do concelho existiu uma grande herdade, a Herdade do Pereirão, que pertenceu em tempos recuados aos Condes de Alcoutim e que mais tarde veio a pertencer à Casa do Infantado, sendo estes bens alienados durante o liberalismo.

Tudo parece indicar que Casa Nova será mais recente que o monte próximo do Pereirão e que por isso mesmo lhe foi buscar a outra parte do topónimo pois havia necessidade de o distinguir de outras com o mesmo nome.

Casa Nova aparece cinquenta e três vezes na nossa toponímia a nível de povoação, incluindo uma na freguesia de Vaqueiros e mais algumas dezenas quando se apresenta como topónimo composto. Pereirão, como lugar, é o único que encontramos no dicionário que habitualmente consultamos. (2)

O Pároco que respondeu ao questionário (Memórias Paroquiais, 1758), já refere o Monte da Casa Nova e o Monte do Pereirão.

Em 1997, a estrada que seguia para a ribeira do Vascão não estava pavimentada, encontrando-se em construção a ponte sobre a mesma, para Sta. Cruz, ficando assim ligados os dois concelhos, Alcoutim e Almodôvar.

Hoje já a ponte está concluída e naturalmente a estrada asfaltada.

Ao redor do monte, os terrenos ainda eram agricultados e existia uma pecuária.
Segundo a informação que na altura um morador nos prestou (1997), havia seis fogos habitados, com um casal com cinco filhos, o que já era coisa rara.

O monte, constituído por dois aglomerados populacionais muito simples, formava uma única rua. As casas térreas, juntas e com pátio, têm fachadas caiadas e chaminé.

[Pequeno aspecto do "monte". Foto JV, 2009]

O telefone fixo só chegou em 1995. (3)

Um abrigo para passageiros e à entrada do monte um lavadouro público junto a um poço com bomba manual elevatória. Há recolha de lixo. Distribuição de água por fontanários que em 2006 foi levado ao domicílio. (4)

Entretanto a estrada ao limite do concelho sofreu beneficiação.

Em 1911 tinha 16 habitantes, número que desceu para 14 em 1940 e 11 em 1960, subindo, contudo, para dezoito no início da década seguinte. (5)

Nos últimos censos não aparece a sua indicação, pois são menos de dez e consequentemente o seu número é englobado nos “isolados”.



Notas
(1) – Memória sobre o Reino do Algarve – Descrição Geográfica e Geológica (Estudo introdutório de José Carlos Vilhena Mesquita), 1990, p112

(2) – Novo Dicionário Corográfico de Portugal, A.C. Amaral Frazão, Editorial Domingos Barreira, Porto, 1981.

(3) - Alcoutim, Revista Municipal, nº 1 Maio/Junho de 1995.

(4) – Alcoutim, Revista Municipal, nº 13 de Dezembro de 2006, pág. 14.

(5) – Os montes do Nordeste Algarvio, Cristiana Bastos, Edições Cosmos, Lisboa, 1993, pág. 74