Pequena nota
Deste grupo de alcoutenejos faziam parte entre outros os alcoutenejos Eng. Gaspar Santos, nosso Prezado Amigo e Colaborador e o Dr. Álvaro Fernandes, infelizmente já falecido e foram os dois que fizeram a entrega do documento no jornal.
JV
(O SÉCULO DE 14 DE OUTUBRO DE 1974)
(*)[Alcoutim e Sanlúcar vistos de Espanha]
Substituição do grémio da lavoura por outra entidade, com atribuições mais vastas; arborização de vasta área; emparcelamento de terras; criação de infraestruturais viárias, eléctricas, de águas, de esgotos e de turismo; abertura da fronteira com a Espanha na sede do concelho (como aconteceu até 1936) – eis os pontos de uma proposta para reestruturação do concelho de Alcoutim, elaborada por um grupo de naturais e amigos desta vila.
No documento, que nos foi entregue por uma delegação, lê-se:
"A população do concelho é actualmente pouco superior a 6 000 habitantes, quando era de 15 000 em 1950, antes do surto da emigração interna e externa. A base económica actual é o remanescente de uma agricultura e pecuária arcaicas, ajudada pela colheita de amêndoas, alfarrobas e laranjas. Há meio século teve uma pecuária e produção de ovos intensa, havendo mesmo um tipo de bovinos oriundo daqui. Até 1936, havia mercados, em que participavam criadores espanhóis. Os seus terrenos pauperizaram ou foram erodidos, vítimas da “Campanha do Trigo” lançada cerca de 1933, e para a qual lhe escasseavam as condições. A estrutura agrária é de pequenas explorações familiares, com as propriedades muito divididas e dispersas. Nem há grandes propriedades, nem há hoje um assalariato rural muito numeroso como já existiu: emigrou."
Os amigos de Alcoutim, aludem ao facto de se não tratar de "uma agricultura capitalizada", tendo-se atrasado, por esse motivo "tecnicamente e na iniciativa, que se poderia ter aproveitado arborizando". Acrescentam:
"As aptidões económicas, que não estão aproveitadas, mas que se sabe existirem, prendem-se naturalmente com a agricultura e a pastorícia, bem como ao turismo (a paisagem natural das margens do rio é surpreendente e óptima para a pesca e a caça).
Dentro das aptidões, sobressaem, como possíveis de desenvolvimento económico e criação de emprego, a arborização, com amendoeira e alfarrobeira, pereiras e outras espécies adaptáveis e a pecuária e indústrias que se lhes ligam, como os apreciados queijos. Mas para lançar algumas iniciativas, para que não progrida a desertificação de uma vasta zona, quer de espécies vegetais, quer de espécie humana, é necessário criar-se uma entidade dinamizadora "(...)
A terminar, diz-se serem as sugestões válidas para toda a serra algarvia e até para enorme área do Baixo-Alentejo.
Apela-se para o apoio dos poderes centrais dada a falta de capitais privados e da iniciativa e por outro lado, atendendo ao exíguo orçamento das câmaras municipais.
(*) - Era esta a zincogravura que o jornal possuía para ilustrar algo que se escrevesse sobre Alcoutim.