sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Cerro de Vaqueiros para o distinguir do Cerro dos Balurcos ou do Cerro da Vinha
[Monte do Cerro, vista geral. Foto JV, 2011]
Topónimo muito vulgar principalente ao sul do Tejo. É, como bem se deduz, de origem topográfica. Admite duas grafias, Cerro ou Serro. Simples, associado ou em derivados existem dezenas no país.
Quem tomar a estrada nº 506 e sair de Vaqueiros, sua sede de freguesia, em direcção ao sul, vai encontrá-lo a cerca de 12 km do lado direito a que se tem acesso por pequeno troço de estrada asfaltado.
Em Julho de 1985 estava previsto o arranque das obras de terraplanagem e respectivas obras de arte desta estrada municipal entre Casas e Fortim. (1)
As povoações que lhe ficam mais próximas são o Monte das Casas a 1 km e o do Barranco a 2,5.
Não aparece referido com este nome nas Memórias Paroquiais (1758) tal como acontece com o das Casas e o Barranco, contudo, no lugar em que parece deverem ser indicados, encontramos um monte designado por Corte, outro por Casa Nova e outro que não conseguimos ler. Esta Casa Nova não tem nada a ver com a próxima de Soudes que aparece referida no seu lugar.
Serão estes os nomes porque eram conhecidos nessa altura? Não nos custa a admitir tal, mas não temos provas disso.
Atendendo a que existem registos paroquiais desta freguesia no ANTT a partir de 1584, já que a Paróquia foi criada, segundo Silva Lopes, em1583 (2), podíamos encontrar aí uma explicação para esta dúvida.
A chegada da energia eléctrica teve lugar em 1985 quando os montes mais próximos foram electrificados também. A ligação teve lugar em 4 de Dezembro. (3)
Tem distribuição de água por fontanários e recolha de lixo, sendo os arruamentos pavimentados em 1993. (4)
O fornecimento de água ao domicílio ocorreu em 2003. (5)
O painel de caixas do correio, de quatro módulos, foi instalado em 1996 (6).
Enquanto da Alcaria se avista muito bem o Cerro, deste obtém-se boa vista das Casas que lhe fica em frente.
[Casa típica da povoação. Foto JV, 2011]
Existe um pequeno largo e notámos em 1988 uma casa ao gosto regional com interesse e que se mantém (2011) bem conservada.
Era deste monte a moça Palmira, um caso de hermafroditismo, que o Dr. João Francisco Dias resolveu através de cirurgia, transformando a Palmira no Manuel Inácio, o que provocou na altura alguns embaraços jurídicos, além do feito cirúrgico praticado numa pequena vila que nem saneamento básico possuía.
Esse facto ainda hoje é lembrado por muitos e que o nosso Amigo e colaborador Gaspar Santos tratou magnificamente com o título “Manuel Inácio que fora Palmira” em postagem de 6 de Agosto de 2010. É interessante verificar que Gaspar Santos era na altura bem jovem mas apesar disso correspondente do jornal diário O Século que publicou a notícia com fotografia cedida pelo próprio Manuel Inácio cuja publicação autorizou.
Outro dos nossos colaboradores, Daniel Teixeira, igualmente se referiu ao facto em postagem de 3 de Fevereiro de 2011.
Manuel Inácio, que casou, faleceu não há muitos anos.
Tem actualmente (2011) 6 habitantes e dista 42 km da sede do concelho.
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NOTAS
(1) – Jornal do Algarve de 4 de Julho de 1985
(2) – Memória para a História Eclesiástica do Bispado do Algarve, 1848
(3) – Jornal do Algarve de 5 de Dezembro de 1985.
(4) – Boletim Municipal nº 12, de Abril de 1993.
(5) – Alcoutim, Revista Municipal nº 10 de Dezembro de 2003, p 6
(6) – Alcoutim, Revista Municipal nº 4 de Dezembro de 1996, p 12