quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A gorpelha


Não foi fácil encontrar tal utensílio para fotografar, mas tivemos a sorte daquele que localizamos ser novo, por estrear. Neste caso, a economia resistiu mais do que a evolução dos tempos.

Gorpelha, golpelha são palavras que alguns dicionários trazem, mas nem todos os que consultámos e são considerados sinónimos. O povo, por vezes pronuncia goropelha e guarpelha.

O termo é de origem latina, de corbicula significando alcofa grande ou a quantidade contida ou trasportada pelo mesmo objecto. (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea – Academia das Ciências de Lisboa – Verbo, 2001).

A gorpelha é um recipiente feito de empreita em forma rectangular, tipo sobrescrito, sendo a largura, sensivelmente, o dobro da altura. Uma das larguras é aberta e ao meio da qual leva duas pegas (asas), uma de cada lado que auxiliam a sua colocação. A união das duas partes rectangulares é reforçada para uma maior consistência e durabilidade.

Havia-as de vários tamanhos, conforme fosse a sua utilização em burros, mulas ou machos, pois são de alturas diferentes. Eram feitas por mulheres que trabalhavam a palma, mas informaram-nos que também existiam homens a trabalhar nesta arte que foi bem conhecida no Algarve, nomeadamente no Barrocal. Vendia-se em feiras e mercados, onde até meados do século passado eram muito procuradas.

A gorpelha era colocada sobre a albarda, ficando a formar uma bolsa para cada lado.

Era utilizada para transportar de tudo um pouco. Indispensáveis para o transporte do estrume para adubação das terras, da areia trazida dos barrancos e o barro para trabalhos de construção.

Havia também exemplares para o transporte de coisas mais finas como abóboras, cestos de figos, marmelos ou romãs.

Tinha de haver o cuidado de equilibrar a carga para a distribuição do peso.

É mais um dos utensílios indispensáveis na vida rural alcouteneja, que se encontra em extinção.