Não foi fácil encontrar tal utensílio para fotografar, mas
tivemos a sorte daquele que localizamos ser novo, por estrear. Neste caso, a
economia resistiu mais do que a evolução dos tempos.
Gorpelha, golpelha são palavras que alguns dicionários
trazem, mas nem todos os que consultámos e são considerados sinónimos. O povo,
por vezes pronuncia goropelha e guarpelha.
O termo é de origem latina, de corbicula significando alcofa grande ou a quantidade contida ou
trasportada pelo mesmo objecto. (Dicionário
da Língua Portuguesa Contemporânea – Academia das Ciências de Lisboa – Verbo,
2001).
A gorpelha é um recipiente feito de empreita em forma
rectangular, tipo sobrescrito, sendo a largura, sensivelmente, o dobro da
altura. Uma das larguras é aberta e ao meio da qual leva duas pegas (asas), uma
de cada lado que auxiliam a sua colocação. A união das duas partes
rectangulares é reforçada para uma maior consistência e durabilidade.
Havia-as de vários tamanhos, conforme fosse a sua utilização
em burros, mulas ou machos, pois são de alturas diferentes. Eram feitas por
mulheres que trabalhavam a palma, mas informaram-nos que também existiam homens
a trabalhar nesta arte que foi bem conhecida no Algarve, nomeadamente no
Barrocal. Vendia-se em feiras e mercados, onde até meados do século passado
eram muito procuradas.
Era utilizada para transportar de tudo um pouco.
Indispensáveis para o transporte do estrume para adubação das terras, da areia
trazida dos barrancos e o barro para trabalhos de construção.
Havia também exemplares para o transporte de coisas mais
finas como abóboras, cestos de figos, marmelos ou romãs.
Tinha de haver o cuidado de equilibrar a carga para a distribuição
do peso.
É mais um dos utensílios indispensáveis na vida rural
alcouteneja, que se encontra em extinção.