sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Castro-marinenses ilustres


(PUBLICADO NO JORNAL ESCRITO – SUPLEMENTO DO POSTAL DO ALGARVE DE 30 DE MARÇO  DE 2000) *


Vista aérea de Castro Marim.
Com a devida vénia de A Terceira Dimensão - Fotografia Aérea.
 
Prometi há uns meses, ao Sr. Dr. José Fernandes Estevens, Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, procurar reunir e publicar pequenas notas biográficas de alguns castro-marinenses que pelas suas vidas deixaram o seu nome em destaque.

O tempo que entretanto dispus para o efeito não foi muito pelo que só me foi possível reunir nove, dos muitos que certamente viram a luz do dia naquela velhinha e histórica vila ou no seu concelho.

Nas leituras que habitualmente fazemos no intuito de conhecer melhor o passado de Alcoutim, raramente deixam de aparecer dados sobre Castro Marim. A nossa experiência de décadas, diz-nos que enquanto encontramos uma nota sobre Alcoutim, aparecem-nos nove ou dez sobre Castro Marim e normalmente de maior relevância.

 
DUARTE DE FIGUEIREDO E GUSMÃO

Ao tomar o hábito dos Carmelitas descalços, optou pelo nome de FREI ÂNGELO DE SANTA MARIA. Nasceu em 1664, sendo filho de Gaspar Lourenço de Gusmão e de D. Maria de Figueiredo, pessoas de virtude e distinção.

Começando os seus estudos em Tavira, passou a estudar cânones  na Universidade de Salamanca.

Depois de tomar o hábito religioso, foi ouvir lições de filosofia em Ávila e de teologia em Segóvia. Foi tal o aproveitamento que acabou por ficar em Segóvia na condição de professor de teologia.

Voltando a Portugal, vai para o convento de Viana onde continua a ministrar a mesma ciência.

Na sua Ordem exerceu os cargos de secretário da província, reitor do Colégio de Coimbra e definidor por três vezes, dando sempre provas de equilíbrio.

Das várias obras que escreveu, destaca-se Schola Moralis Lusitanensis, impressa em Lisboa por volta de 1734.
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 Corografia ou Memória Económica, Estatística e Topográfica do Reino do Algarve - João Baptista da Silva Lopes.

 
FRANCISCO DE PAULA BRITO CABREIRA

Assentou praça em 2 de Janeiro de 1791 no Regimento de Infantaria de Tavira, tendo obtido a promoção a major em 26 de Abril de 1811.

Prestou bons e heróicos serviços nas campanhas de 1801 e de 1808 a 1812.

Pelas suas ideias liberais, vem a ser preso em Tavira no dia 27 de Maio de 1828, entrando na Torre de S. Julião da Barra um mês depois.

Veio a falecer, ainda preso e quando era major reformado, no dia 5 de Maio de 1830.
 

 Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira

História do Cativeiro dos Presos de Estado na Torre de S. Julião da Barra (...) - João Baptista da Silva Lopes

 
JOÃO DA GUARDA CABREIRA

Era Juiz hereditário da Alfândega de Vila Real de Santo António quando em 1808 chefia a revolta que libertou a sua terra natal do domínio das tropas francesas.

Logo a seguir, apresenta-se ao Capitão - general do Algarve para marchar contra o inimigo em qualquer posto, abandonando assim o rendoso cargo de que estava investido.

Nomeado tenente - coronel do Regimento de Milícias de Tavira, aí serviu com muita honra até 1811.

Foi condecorado com o Laço da Restauração da capital e transferido da arma de Infantaria para o Estado Maior do Exército do Reino do Brasil (1814) e nomeado em 1829, governador do Forte das Maias, próximo da barra do Tejo.

Emigrou em 1834 para Modena (Itália) onde veio a falecer em 1851 e ficou sepultado.
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Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira

ANTÓNIO PEREIRA DA SILVA

Estudou na Universidade de Coimbra na Faculdade de Leis, tendo servido com essa especialização vários lugares no Reino.

È despachado para Goa, em 18o2 como Desembargador da sua Relação, vindo a ocupar o lugar de Chanceler em 1807.

Mais tarde veio a ser nomeado Conselheiro da Fazenda, funções que exerceu no Rio de Janeiro em 1820.

Voltou pouco depois ao reino vindo a falecer em Lisboa.

Teve o foro de Fidalgo escudeiro por alvará de 15 de Junho de 1807.

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Corografia ou Memória Económica, Estatística e Topográfica do reino do Algarve - João Baptista da Silva Lopes

 
JOSÉ CABREIRA DE BRITO E ALVELOS DRAGO VALENTE DE FARIA PEREIRA

Por alvará de 25 de Junho de 1807, foi fidalgo cavaleiro da Casa Real.

Desempenhou as funções de sargento - mor da comarca de Faro.

Já velho, acompanhou os filhos quando estes marcharam para a Guerra Peninsular. Bateu-se com bravura, nos lugares mais perigosos, quando os franceses atacaram a praça de Peniche, dando assim um bom exemplo à guarnição.

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Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira


DOMINGOS CORRÊA AROUCA

Nasceu em 1791 e foi comendador da Ordem de Avís e de Nossa Senhora da Conceição, este fidalgo da Casa Real, por alvará de 4 de dezembro de 1834.

Como tenente, vai para Moçambique em 1810, onde comandou as companhias de Quelimane e Inhambane, tendo sido também governador deste distrito.

Já como coronel de infantaria, é nomeado governador de Cabo Verde em 16 de Junho de 1836, substituindo o coronel, António Joaquim Pereira Marinho.

Teve de fazer face a uma revolta fomentada pelo seu antecessor que tinha ficado no arquipélago, chegando mesmo duas das ilhas a negar-lhe obediência.

Este clima tinha a ver com as lutas políticas internas que se travavam no país entre os liberais.

Arouca resistiu com o apoio militar da corveta francesa Triumphante, cujo comandante obrigou Marinho a capitular.

Sá da Bandeira aceitou a demissão de Arouca e nomeia novamente o seu protegido, Pereira Marinho, para o lugar, isto em fins de 1836. O governo não decorre com tranquilidade, acabando o responsável por ser transferido para Moçambique, em 1839,

O afrontamento entre os dois militares deu origem à publicação de panfletos tendo terminado em 1842 com a publicação de Desmentido às acusações feitas pelo ex-Governador de Cabo verde e de Moçambique, o Sr. Joaquim Pereira Marinho, contra Domingos Corrêa Arouca, etc.

Corrêa Arouca pertenceu à Loja Maçónica União e Justiça, sediada em Lisboa.

Faleceu em 24 de Janeiro de 1861 como brigadeiro na reforma.
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Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira

Dicionário Bibliográfico Português - Inocêncio Francisco da Silva- 1870

História de Portugal (Vol. VIII) Joaquim Veríssimo Serrão

História da Maçonaria em Portugal - A.H.Oliveira Marques - 1990.

 
TOMÁS ANTÓNIO DA GUARDA CABREIRA

Nasceu em 1793, sendo filho do tenente coronel João da Guarda Cabreira.

Tomou parte na Guerra Peninsular, pertencendo ao Regimento de Infantaria 14, onde alcançou o posto de tenente - ajudante.
 
Capitão em 1817, adere à causa de D. Miguel sendo forçado a emigrar para Espanha em 1826, donde regressa dois anos depois.

 Foi entretanto nomeado major de milícias em Tavira e na guerra civil que entretanto se desenrola obtém o posto de brigadeiro.

 Estava em Santarém quando em Março de 1834 foi incumbido de comandando dois mil homens ir ao Algarve e fazer frente a Sá da Bandeira que tinha desembarcado em Lagos com os seus homens. O encontro dá-se em S. Bartolomeu de Messines em 24 de Abril daquele ano e vence o inimigo. Já como Marechal de Campo, continuou operando no Algarve até à Convenção de Évora – Monte.

Preso em Faro, é morto pelos seus inimigos políticos.

Possuía as seguintes condecorações: - Cruz de ouro das Campanhas da Guerra Peninsular, Cruz da Batalha de Albuera e Medalha Militar de Fidelidade ao Rei e à Pátria.

Filho e neto, do mesmo nome, seguiram igualmente a carreira das armas, sendo o filho general e o neto coronel.

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 Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira

* Vide nota do suplemento nº 21