quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Alcoutim, 1965


Câmara Escura de hoje é uma interessantíssima fotografia que não é muito vulgar.

Existem muitíssimas fotografias de Alcoutim mas quase todas tiradas de Sanlúcar ou do seu castelo, o que não acontece com esta, que apresenta um ângulo fotograficamente pouco conhecido, ou seja, tirado do sul e neste caso de um barco.

Nesta perspectiva, o castelo aparece em posição de evidência e se nesta altura não servia de pocilgo, era utilizado como curral. Um colega de trabalho que já se encontrava em Alcoutim quando lá chegámos, dizia-nos muita vez que nunca mais se esqueceria do espectáculo que lhe proporcionavam os ovinos balindo na “esplanada”, quadro que desfrutava do seu gabinete de trabalho. Hoje, o castelo só não é uma sala de visitas da vila porque é necessário pagar para o visitar.

Se olharmos bem para ela, podemos encontrar algumas diferenças para o que no presente é.

Esta fotografia foi tirada, como se refere no título, em 1965, quando nós ainda não tínhamos chegado a Alcoutim e é seu autor, Eckart K. E. Frischmuth, cidadão alemão, que passou cerca de dois anos em Alcoutim, tendo-se hospedado em casa do senhor Luís Lopes Corvo.

Dominando relativamente bem o português era um jovem na casa dos 22/23 anos, louro e com 1,98 de altura.

Foi para Alcoutim a conselho de um professor com o intuito de preparar o trabalho final do curso de Geólogo. Desconhecemos se seria de licenciatura ou de um grau mais elevado, pois o tempo de permanência pode sugerir isso.

Não deixou de ser notado o seu rigor no horário de trabalho, que cumpria rigorosamente, o que não admira devido às características daquele povo. À hora marcada, era vê-lo sair sempre com martelo de geólogo a caminho do Cerro da Mina ou de qualquer outro local. Cumpria igualmente a hora de regresso.

Segundo nos consta enquadrou-se bem na vida alcouteneja e tinha uma excelente relação com a juventude local.

Foi-nos sempre referido que ele com o seu 1,98 e um alcoutenejo seu amigo, que terá cerca de 1,5 m ou pouco mais, deram grande espectáculo passeando pela praia de Monte Gordo, ao lado um do outro!

Francisco António João, vulgo Chico Balbino, contou-nos que quando trabalhava na Alemanha se encontrou com ele.

É pena que este trabalho científico não seja do conhecimento dos alcoutenejos.

Acresce referir que a fotografia nos foi amavelmente cedida, como tem acontecido com outras, pelo alcoutenejo nosso amigo, José Madeira Serafim, a quem muito agradecemos.