A Câmara Escura de hoje é uma
interessantíssima fotografia que não é muito vulgar.
Existem muitíssimas fotografias de Alcoutim mas quase todas
tiradas de Sanlúcar ou do seu castelo, o que não acontece com esta, que
apresenta um ângulo fotograficamente pouco conhecido, ou seja, tirado do sul e
neste caso de um barco.
Nesta perspectiva, o castelo aparece em posição de evidência
e se nesta altura não servia de pocilgo, era utilizado como curral. Um colega
de trabalho que já se encontrava em Alcoutim quando lá chegámos, dizia-nos
muita vez que nunca mais se esqueceria do espectáculo que lhe proporcionavam os
ovinos balindo na “esplanada”, quadro que desfrutava do seu gabinete de
trabalho. Hoje, o castelo só não é uma sala de visitas da vila porque é
necessário pagar para o visitar.
Se olharmos bem para ela, podemos encontrar algumas
diferenças para o que no presente é.
Esta fotografia foi tirada, como se refere no título, em
1965, quando nós ainda não tínhamos chegado a Alcoutim e é seu autor, Eckart K.
E. Frischmuth, cidadão alemão, que passou cerca de dois anos em Alcoutim,
tendo-se hospedado em casa do senhor Luís Lopes Corvo.
Dominando relativamente bem o português era um jovem na casa
dos 22/23 anos, louro e com 1,98 de altura.
Foi para Alcoutim a conselho de um professor com o intuito
de preparar o trabalho final do curso de Geólogo. Desconhecemos se seria de
licenciatura ou de um grau mais elevado, pois o tempo de permanência pode
sugerir isso.
Não deixou de ser notado o seu rigor no horário de trabalho,
que cumpria rigorosamente, o que não admira devido às características daquele
povo. À hora marcada, era vê-lo sair sempre com martelo de geólogo a caminho do
Cerro da Mina ou de qualquer outro local. Cumpria igualmente a hora de
regresso.
Segundo nos consta enquadrou-se bem na vida alcouteneja e
tinha uma excelente relação com a juventude local.
Foi-nos sempre referido que ele com o seu 1,98 e um
alcoutenejo seu amigo, que terá cerca de 1,5 m ou pouco mais, deram grande espectáculo
passeando pela praia de Monte Gordo, ao lado um do outro!
Francisco António João, vulgo Chico Balbino, contou-nos que
quando trabalhava na Alemanha se encontrou com ele.
É pena que este trabalho científico não seja do conhecimento
dos alcoutenejos.
Acresce referir que a fotografia nos foi amavelmente cedida,
como tem acontecido com outras, pelo alcoutenejo nosso amigo, José Madeira
Serafim, a quem muito agradecemos.