Pensamos que não será fácil, mas é possível.
Esta apresentação só é viável pela valiosa colaboração do
alcoutenejo José Madeira Serafim, que ao herdar este espólio dos seus pais o
tem sabido conservar proporcionando-nos este regalar de olhos.
A fotografia é de 1873, contemporânea da que apresentámos
sobre a Banda ou Filarmónica e o autor deve ser o mesmo, segundo dedução do
nosso amigo.
Os 140 anos decorridos sobre a mesma causaram alguma
degradação, aliada à técnica então utilizada, não se poderia apresentar em
melhores condições.
Já nesta altura, e segundo pensamos, a fotografia é tirada
de Sanlúcar e ainda que a sua configuração geral seja obviamente a mesma,
encontramos algumas diferenças.
Como pontos de referência, o castelo, a igreja de Nª Sª da
Conceição, a igreja de S. Salvador (matriz), hoje com uma configuração
diferente devido a obras que foi recebendo ao longo dos anos, a capela de Sto.
António, a residência Condal que já possuía as características que tem hoje, a
Casa dos Pintos, a casa que habitámos durante nove anos, a primeira à direita
de quem olha para a fotografia e até a pequena construção onde funcionou a
venda do senhor Sabino já era como a conhecemos, notando-se bem a janela e a
porta viradas para o rio.
O edifício onde posteriormente veio a funcionar a
Guarda-Fiscal a partir de 1885 e hoje funcionam os Serviços Fiscais, lá está no
seu lugar, notando-se bem os seus gigantes de suporte.
Noutro âmbito notamos restos da velha muralha que circunda o
local da igreja matriz da qual parte um carreiro em direcção ao rio, o cais
velho com alguns pequenos barcos por perto e o local onde se encontra agora o
cais novo, que nos parece apresentar uns muros de suporte e caiados como era
tradicional. Admitimos que estes muros tivessem sido feitos debaixo da
orientação de Miguel Angel de Leon, que nós sabemos ter adjudicado à Câmara um
trabalho deste tipo por estas alturas.
Reparar que ao largo encontra-se um barco à vela de alguma
dimensão.
Não podemos deixar de reparar no coração da vila onde se
nota alguma arborização no local em que se encontra hoje um bloco de habitação
e comércio. Antes desta construção, existia o quintalão da família Rosário e
lembramo-nos de aí existirem entre outras árvores, algumas oliveiras de porte
avantajado.
Enigmático para nós é a mancha branca que aparece do lado
esquerdo do castelo e que presumimos ser o local onde se encontrava a Porta de
Tavira. Dá-nos a ideia que dessa mancha branca, corre, tanto para a direita
como para a esquerda, uma mancha escura que poderá indicar restos da muralha da
vila e que efectivamente passava por esses locais.
Pensamos que a deslocação de um fotógrafo à vila de Alcoutim,
nessa época, não seria nada fácil, até porque esta arte, na altura, estava
reservada a grandes senhores de sangue ou capital, que na maior parte dos casos
era coincidente, pois quem tinha capital acabava por adquirir o título.
A nossa imaginação leva-nos a que tivesse havido alguma
festa na vila de carácter religioso.
Admitimos que além das duas fotografias que já conhecemos,
outras se tivessem tirado, que se terão perdido ou façam parte de algum álbum
de família das muitas que ao longo dos tempos foram abandonando o concelho de
Alcoutim pelos mais variados motivos.
Alguma aglomeração de gente junto da capela de Sto. António
será talvez outra pequena achega para pensar assim.
Dominavam nesse tempo em Alcoutim, as famílias Teixeira,
Freitas, Xavier, Pinto e Torres. É desta última que provêm as fotografias.
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