sábado, 26 de janeiro de 2013

Haverá fotografia mais antiga de Alcoutim ?

Começamos por fazer, como título, esta pergunta para ver se alguém nos responde afirmativamente.

Pensamos que não será fácil, mas é possível.

Esta apresentação só é viável pela valiosa colaboração do alcoutenejo José Madeira Serafim, que ao herdar este espólio dos seus pais o tem sabido conservar proporcionando-nos este regalar de olhos.

A fotografia é de 1873, contemporânea da que apresentámos sobre a Banda ou Filarmónica e o autor deve ser o mesmo, segundo dedução do nosso amigo.

Os 140 anos decorridos sobre a mesma causaram alguma degradação, aliada à técnica então utilizada, não se poderia apresentar em melhores condições.

Já nesta altura, e segundo pensamos, a fotografia é tirada de Sanlúcar e ainda que a sua configuração geral seja obviamente a mesma, encontramos algumas diferenças.

Como pontos de referência, o castelo, a igreja de Nª Sª da Conceição, a igreja de S. Salvador (matriz), hoje com uma configuração diferente devido a obras que foi recebendo ao longo dos anos, a capela de Sto. António, a residência Condal que já possuía as características que tem hoje, a Casa dos Pintos, a casa que habitámos durante nove anos, a primeira à direita de quem olha para a fotografia e até a pequena construção onde funcionou a venda do senhor Sabino já era como a conhecemos, notando-se bem a janela e a porta viradas para o rio.

O edifício onde posteriormente veio a funcionar a Guarda-Fiscal a partir de 1885 e hoje funcionam os Serviços Fiscais, lá está no seu lugar, notando-se bem os seus gigantes de suporte.

Noutro âmbito notamos restos da velha muralha que circunda o local da igreja matriz da qual parte um carreiro em direcção ao rio, o cais velho com alguns pequenos barcos por perto e o local onde se encontra agora o cais novo, que nos parece apresentar uns muros de suporte e caiados como era tradicional. Admitimos que estes muros tivessem sido feitos debaixo da orientação de Miguel Angel de Leon, que nós sabemos ter adjudicado à Câmara um trabalho deste tipo por estas alturas.

Reparar que ao largo encontra-se um barco à vela de alguma dimensão.

Não podemos deixar de reparar no coração da vila onde se nota alguma arborização no local em que se encontra hoje um bloco de habitação e comércio. Antes desta construção, existia o quintalão da família Rosário e lembramo-nos de aí existirem entre outras árvores, algumas oliveiras de porte avantajado.

Enigmático para nós é a mancha branca que aparece do lado esquerdo do castelo e que presumimos ser o local onde se encontrava a Porta de Tavira. Dá-nos a ideia que dessa mancha branca, corre, tanto para a direita como para a esquerda, uma mancha escura que poderá indicar restos da muralha da vila e que efectivamente passava por esses locais.

Pensamos que a deslocação de um fotógrafo à vila de Alcoutim, nessa época, não seria nada fácil, até porque esta arte, na altura, estava reservada a grandes senhores de sangue ou capital, que na maior parte dos casos era coincidente, pois quem tinha capital acabava por adquirir o título.

A nossa imaginação leva-nos a que tivesse havido alguma festa na vila de carácter religioso.

Admitimos que além das duas fotografias que já conhecemos, outras se tivessem tirado, que se terão perdido ou façam parte de algum álbum de família das muitas que ao longo dos tempos foram abandonando o concelho de Alcoutim pelos mais variados motivos.

Alguma aglomeração de gente junto da capela de Sto. António será talvez outra pequena achega para pensar assim.

Dominavam nesse tempo em Alcoutim, as famílias Teixeira, Freitas, Xavier, Pinto e Torres. É desta última que provêm as fotografias.

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