O aparecimento desta “máquina”,
de que nos lembramos ter acontecido em casa de nossos pais, constituiu uma
verdadeira revolução na confecções dos alimentos, principalmente tendo em conta
o tempo de duração.
Reportando-nos à sua chegada a
Alcoutim que deve ter ocorrido em meados do século passado para a vila e uma ou
outra aldeia, ele veio substituir o fogo a lenha efectuado no chupão (espécie
de lareira pequena)) com o auxílio da trempe e do triângulo de ferro, isto
quando as pessoas não tinham uma pilheira
no exterior da casa e que constituía uma espécie de fornalha.
Em tempos mais recuados e nas
casas mais modestas o fogo era feito a um canto da casa e o fumo saía por uma
telha que se levantava no telhado.
Depois da iluminação passar do
azeite para o petróleo, da candeia para o candeeiro, com as vantagens
conhecidas, chegou a altura de substituir a lenha ou carvão pelo “moderno” e
eficiente petróleo.
Havia vários tipos de fogões a
petróleo mas o mais vulgar era o que a figura apresenta e ainda em condições de
funcionar apesar de se encontrar bastante oxidado.
Constituído por um depósito de
metal com uma pequena abertura circular e tampa de enroscar, que se destinava à
introdução do petróleo, tinha também outro orifício, em posição inferior onde
funcionava uma pequena bomba que pressionada obrigava a sair com menor ou maior
intensidade o petróleo que incandescia ao passar por uma cabeça com duas
entradas pois havia antes um pequeno receptáculo envolvente que se enchia de
álcool desnaturado a que se lançava o fogo.
Na parte superior estava colocado
um espalhador nas cabeças silenciosas, enquanto as ruidosas assim chamadas
devido ao barulho que produziam tinham um sistema diferente pois a distribuição
do calor era menos dividida.
Três espeques saíam da sua base
formando os pés e uma trempe sobre a qual assentava uma base de diâmetro
semelhante à do depósito e onde se colocavam tachos, panelas e outros
utensílios destinados à confecção das refeições.
Era necessário ter “bicos” para
poder substituir os que se iam estragando com o uso, trabalho feito com o
auxílio de uma chave que funcionava nos mesmos moldes das chaves de velas.
Indispensável era igualmente o espevitador que se destinava a limpar alguma
impureza que se alojasse no bico.
Tiveram fama os fogareiros da
marca Hipólito confeccionados em Torres Vedras.