sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Marim, pequeno monte da freguesia de Giões
Para alcançarmos esta pequena povoação, saindo da vila de Alcoutim, tomamos a estrada nº 122-1 e às Quatro Estradas seguimos pelo nº 124. Passamos pela aldeia de Pereiro e sete quilómetros percorridos encontramos à nossa esquerda um entroncamento sinalizado, que por estrada construída em 1987 (1) (nº 1046) estreita e asfaltada, ladeada de terrenos de arvoredo exíguo, nos levará à pequena povoação.
À esquerda, um aramado que se destina ao encerramento de gado. O traçado telefónico vai acompanhando o caminho. Curva à esquerda seguindo-se a contra curva. Uma charca. Algumas curvas e uma perdiz que atravessa a estrada faz lembrar a zona cinegética que já foi. Pouco depois divisa-se o “monte” e aparece a placa toponímica.
À direita o poço público e o lavadouro. Painel de caixas do correio. Ruas cimentadas que permitem dar a volta à povoação de automóvel. Serviço de recolha de lixo e distribuição de água por fontanários, hoje penso que já é feita ao domicílio.
O telefone público foi instalado em 1989. (1)
Percorrendo a pequena povoação, que se situa em sítio alto, com muito poucos moradores, mesmo assim ainda podemos ver com agrado pelo menos duas casas ao gosto antigo devidamente caiadas e nas molduras de portas e janelas utilizam o azul vivo, conforme costume dos vizinhos alentejanos. Os típicos poiais junto das fachadas principais, lá estão cobertos por largas lajes e caiados como manda a tradição. Tinham várias utilizações, incluindo de banco para se apanhar o fresco nas cálidas noites de Verão.
Interessante também um pocilgo desactivado, mas muito típico da região, onde a pedra faz quase tudo e o portelo tem muita singularidade.
Igualmente em desuso ainda se podem ver grandes construções de pedra e barro destinadas a palheiros e arramadas, já que Marim foi monte de lavradores
Ao sair do “monte”, do lado direito, existe um caminho que nos leva à pequena lagoa de Marim e onde nasce o Alcoutenejo (3) que juntando-se próximo da Corte Tabelião ao dos Ladrões dão lugar à Ribeira de Cadavais ou de S. Marcos.
Em princípios do século XIX, vivia neste monte João da Palma Vilão, natural de Giões, mas que casou com Maria Mestra, daqui natural. Homem de representação concelhia foi licenciador para a eleição da Câmara Municipal em 1834.
Em 1855 o maior proprietário da freguesia de Giões e segundo no concelho era Manuel da Palma, que poderá ser filho do anteriormente referido, pagando de décima 17.294 réis.
Ocupava a terceira posição, a nível de freguesia, João Mestre Teixeira, também desta localidade.
De 1939 a 1941 presidiu à Câmara Municipal, Francisco da Palma Vilão também daqui natural. (4)
Como se vê pelo que antes referimos, o monte era de gente abastada e com importância política como acontecia então a todos os endinheirados.
O topónimo, que de uma maneira geral aparece associado (o que aqui não acontece), é mais frequente no sul do país e parece de origem árabe, de marin, nome de pessoa, tal como Marinho que terá a mesma origem. Saber quem foram os Marin que deram origem aos topónimos é que não será fácil. (4)
Em 1976 sabemos que tinha 30 habitantes, tendo dezoito em 1991.Presentemente e segundo informação recolhida localmente, andará por metade.
NOTAS
(1) – Boletim Municipal nº 1, de Outubro de 1987, pág. 5
(2) – Boletim Municipal nº 5, de Setembro de 1989, pág.2.
(3) – A Freguesia do Pereiro (do concelho de Alcoutim) do passado ao presente, António Miguel Ascensão Nunes (José Varzeano), Ed. da J.F.do Pereiro, 2007, pág.36.
(4) – Idem, ibidem, pág.223
(5) – Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, José Pedro Machado, Horizonte/Confluência, II Vol. – 1993, p. 949.