terça-feira, 13 de outubro de 2009

Portas do Rio

Das portas existentes na muralha da vila as quais todas as noites se fechavam e se abriam de manhã, segundo o Pároco que respondeu aos quesitos que constituíram as Memórias Paroquiais, foram aquelas que me motivaram mais dúvidas quanto à sua localização e a de que tinha menos informação.

Isso está demonstrado no que sobre elas escrevi no meu livro Alcoutim, capital do nordeste algarvio (subsídios para uma monografia).
A planta da Praça de Alcoutim (legendada) executada por José Sande de Vasconcelos em 1788 e possivelmente por me ter chegado às mãos por fotocópias, não me proporcionaram uma leitura clara sobre alguns dos aspectos.

Designadas umas vezes por Portas do Rio, outras por Portas do Guadiana e ainda por Portas do Mar ou de Sanlúcar, eram notoriamente viradas para o rio, servindo o seu velho cais.

Deviam igualmente ser as mais importantes pois as outras serviam caminhos em direcção a Tavira e a Mértola. Nesta altura, o grande meio de comunicação era o Guadiana que fornecia a auto-estrada da época.

Uma das principais fontes do passado das terras é constituída por aquilo a que se veio a chamar Memórias Paroquiais, datadas de 1758.

Ao responder ao quesito 25, o pároco escreveu (grafia actualizada): - (...) Tem quatro portas esta vila por onde se sai e entra, uma para a parte do nascente, ou de Sanlúcar do Guadiana, a que chamam porta do Rio em cuja entrada está uma porta interior junto da Casa da Guarda, e logo três ou quatro varas no mesmo andar outra porta exterior, estas são duas portas das quatro que digo. Sobre estas portas está um quase revelim na mesma muralha (...).
O Pároco considera a existência de quatro portas mas só dá nome a três pelo que estas duas de que fala e devido à sua proximidade e estrutura passariam a ser consideradas como uma única, tomando um dos nomes já referidos.

Esta diferença em relação às outras duas é mais um factor que determina a sua importância.

A vila como praça da guerra era guarnecida com destacamento, habitualmente vindo da praça de Castro Marim, constituído por companhias inteiras, mas nessa altura, meados do século XVIII, eram apenas quinze soldados comandados por um sargento. Tinham a seu cargo a guarda e defesa das Portas.


A Casa da Guarda, que o pároco refere, ainda existia em 1875, como se deduz da seguinte passagem:- Ao alferes engenheiro colocado em Tavira que pediu alguns esclarecimentos sobre a “casa da guarda”, sita às Port as do Rio, é respondido pela Câmara Municipal, entre outras coisas, o seguinte: “Que é uma e a mesma a casa da guarda que umas vezes é descrita como situada às Portas do Rio e outras na Rua de Sto. António.” (do ofício nº 18 de 23 de Abril de 1875).
A partir do conhecimento deste ofício, para mim desapareceram as dúvidas. As Portas do Rio situavam-se próximo das escadas para a Igreja Matriz, frente à actual Agência da C.C.A.M., servindo assim o cais.