A peça que apresentamos pode encontrar-se do norte a sul do
país ainda que o seu uso comece a ser cada vez menor.
A fotografada é mesmo do concelho de Alcoutim mas já passou
a sua época.
Há vários tipos de instrumentos que se destinam a corte de madeira,
ferro e outros materiais, mas este destinava-se a corte de madeira e era
designado por serra de mão, serra de carpinteiro ou apenas serra.
A introdução de instrumentos eléctricos há décadas, menos
trabalhosos, mais rápidos e mais eficientes, veio colocar em posição de inactividade
os instrumentos movidos pela força do homem, principalmente os de maior
envergadura.
A armação das serras de mão era de uma maneira geral feita
por aqueles que as iam utilizar e não nos lembramos de as ver à venda.
Comprava-se uma lâmina de ferro mais ou menos endurecida
pela têmpera, de uma maneira geral comprida, dentada, havia vários tamanhos e
de larguras diferenciadas, sendo as mais estreitas destinadas a rodear, o que
fazem hoje as eléctricas tico-tico.
Adquiriam-se, igualmente, duas peças de madeira torneadas,
cilíndricas, com uma ranhura ao meio e que se ajustassem à folha (lâmina).
Arranjavam-se depois as duas peças laterais da armação,
designadas por testos, testicos, testeiras, cabeceiras e outras conforme as
regiões. Tinha de haver o cuidado de escolher madeira bem rija, sendo
procurados para o efeito raios de rodas de carros de bois ou carroças já sem
utilização. O seu comprimento tinha de ficar na relação adequada com a
distância da folha, não muito curta nem muito comprida, um pouco maior do que
metade da lâmina.
Furavam-se com um trado as extremidades por onde iam entrar
as peças torneadas que se fixavam à folha por intermédio de pequenos pregos que
passavam em aberturas próprias que as extremidades da lâmina possuíam.
As travessas (testos) eram fixadas uma à outra por
intermédio de uma haste, o alfeizar, e que para o efeito se faziam os
competentes encaixes. Situava-se ao meio das travessas, em posição paralela à
lâmina e do mesmo comprimento.
A parte oposta à folha é ocupada por corda, várias fiadas,
após se ajustarem, para o efeito, as extremidades no sentido da corda não sair.
A esta corda chama-se o cairo que se vai torcendo ou destorcendo ao meio por
intermédio de uma pequena e estreita ripa a que se chama trabelho. Com isto
encontra-se um ponto considerado o ajustado para o equilíbrio da ferramenta.
Hoje, fazer uma serra destas ficará muito mais cara do que comprar
uma eléctrica, não temos dúvidas.
Ficarão para museus.