É o último dos “montes do rio” que vamos abordar
distando 12,5 km
de Alcoutim, freguesia a que pertence mas apenas a quilómetro e meio do vizinho
Guerreiros do Rio.
Se estivermos a percorrer a estrada marginal (E.M.
507) ao sair dos Guerreiros do Rio encontramos, após uma leve subida, uma
rotunda cuja primeira saída nos leva à Corte das Donas e a segunda ao Álamo,
continuando assim a estrada marginal.
Rotunda do Álamo. Foto L.M. |
Esta zona devido à sua localização e características
do terreno foi sempre procurada para a fixação dos povos, entre os quais
visigodos, romanos e árabes que por aqui foram passando em procura de melhores
condições de vida. Talvez, por isso, por aqui tenham sido encontrados os mais
importantes achados arqueológicos.
Entrada da povoação pelo lado Norte. Foto JV |
O
“muro velho”, como o povo do monte lhe chama, constituiu uma represa ou
barragem que os romanos construíram no barranco da Fornalha. Foi Estácio da
Veiga que a identificou em 1877, mandando levantar uma planta.
O
muro deveria ter tido no início um comprimento de cerca de 50 metros , possuindo
actualmente a altura máxima de 3 e a espessura da mesma medida (2) e com
contrafortes. O topo do muro tem cerca de 2,3 m e os sete contrafortes estão afastados
uns dos outros igualmente 2,3
m . A espessura é de metro e meio e o comprimento de 1,6 m .
Presume-se
que a barragem tivesse tido uma capacidade de 2.100 m3 .
É
uma obra hidráulica de alguma dimensão, possivelmente para servir a povoação
romana, que deverá ter existido nas redondezas e de que Estácio da Veiga
fornece mais alguns dados.
A
muralha, devido à técnica de construção, tem-se mostrado de uma solidez
impressionante e o povo considera-a “eterna”.
Este
monumento foi classificado como imóvel de interesse público pelo Decreto nº
26-A/92, de 1 de Junho.
Estátua de Apolo |
Encontra-se
presentemente no núcleo museológico de arqueologia no castelo de Alcoutim uma réplica
desta estátua.
Foi
recolhida ainda alguma cerâmica.
Sondagens
feitas num velho caminho detectaram uma via romana.
Muitos
objectos têm sido destruídos pelos achadores que desconhecem o valor
arqueológico que possuem, talvez hoje não tanto, mas em 1970 ainda ouvimos
contar destes achados e mesmo a descrição de algumas peças que depois foram
partidas. Isto acontecia, normalmente, quando andavam a lavrar.
Segundo
nos afirmaram recentemente, o Álamo é o monte
em que vivem mais estrangeiros de todos os considerados “montes do Rio”.
O
casario do “monte” estende-se alcandorado pela encosta. Notam-se algumas casas
típicas com platibandas e fachadas trabalhadas em argamassa e policromadas.
Chama-nos
a atenção um interessante exemplar bem restaurado, tendo sido informado que é
obra de estrangeiros, que de uma maneira geral preservam aquilo que nós não
somos capazes de fazer.
Interessante construção do primeiro quartel do século passado e que estrangeiros preservaram. Foto JV |
Na
década de 70 do século passado existia um forno de cozer pão comunitário. Era
conhecida a arte de fazer cadeiras e da cestaria.
A
povoação já beneficia do saneamento básico. Anteriormente a água era
distribuída por nove fontanários e antes disso por dois poços públicos.
As
crianças iam à escola que se situava nos Guerreiros do Rio por ser o monte mais
central.
Em
1939 a
Câmara tinha pedido a criação de um posto de ensino escolar. (4)
Em
1991 foi concluída a pavimentação dos arruamentos (5) que após o saneamento
básico tiveram novamente de ser pavimentados.
Tal
como na maioria dos montes da freguesia, existia uma Lutuosa.
Em
meados do século passado funcionavam na povoação dois estabelecimentos
comerciais.
O
“Álimo” como o pároco de Alcoutim o indica no questionário formulado em 1758 e
que ficou a constituir as Memórias Paroquiais, é dado como tendo 15 vizinhos.
Em
1839, segundo Silva Lopes, apresentava 21 fogos e no recenseamento de 1991 era
dos montes do rio o mais populoso,
com sessenta e quatro moradores e cinquenta e sete fogos.
Em
frente, no outro lado do rio, a propriedade rústica conhecida por “Fonte
Santa”.
O
topónimo prende-se naturalmente à flora. Álamos (ou choupos) são por aqui
vulgares, junto ao rio.
A
linha limite da freguesia, segundo ouvimos dizer, passa por este lado passa, ao
Barranco das Pereiras, onde nas proximidades funcionava um posto da
Guarda-Fiscal e que foi construído em 1890.
Seguindo
a marginal, vamos encontrar um novo monte.
mas já pertencendo ao concelho de Castro Marim, a Foz de Odeleite, cujo posto
pertencia à Secção da Guarda Fiscal de Alcoutim.
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NOTAS
(1)
- Carta Archeológica do Algarve.
(2)
- Aproveitamentos Hidráulicos Romanos a
Sul do Tejo, António de Carvalho Quintela, José Luís Cardoso e José Manuel
Mascarenhas, 1986.
(3)
- Arqueologia Romana do Algarve,
Maria Luísa Estácio da Veiga Affonso dos Santos, 1971.
(4)
- Acta da Sessão da C.M.A. de 2 de
Dezembro.
(5)
- Boletim Municipal, Nº 8 de Abril /
91.