quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Sopas de passarinhos



Cotovia
Desta vez não vou ter hipótese de apresentar fotograficamente o prato.

Desconhecia-o completamente e ao organizar o texto sobre a esparrela e ao procurar documentar-me oralmente sobre o assunto, sou informado da sua existência.

Todos nós sabemos que o concelho de Alcoutim é economicamente muito pobre e das dificuldades que o homem tinha para se manter , era necessário tirar de solos pobres todo o seu sustento e da família.


Alvéola
Os passarinhos que se apanhavam com as esparrelas durante um dia de trabalho proporcionavam uma refeição especial.


Depois de depenados e amanhados, derretiam numa caçoila umas tiras de toucinho, em cujo pingo fritavam com um dente de alho e uma folhinha de louro os passarinhos.

Retiravam-nos para uma vasilha, assim como os torresmos que ficavam, provenientes das tiras de toucinho. Acrescentavam ao pingo onde se tinha feito a fritura água quente, que se deixava ferver para a gordura ser bem distribuída.


Calhandra
Entretanto, tinham-se feito umas sopas de pão, que depois de bem acomodadas, eram cobertas por aquele caldo, que além do gosto do toucinho tinham também o dos passarinhos e dos condimentos.

As sopas comiam-se acompanhadas dos passarinhos e dos torresmos.

A utilização da gordura animal, tão prejudicial à saúde e hoje posta de parte, pelo menos quanto ao toucinho, justificava-se, como me explicaram.

Tordo
As oliveiras eram poucas, pois a abundância do gado movia-lhe tenaz guerra. Nas margens do Guadiana era onde existiam mais. O azeite pouco e a sua prioridade ia para a iluminação. O petróleo custava dinheiro que era escasso e que tinha preferências mais prementes.

Tratava-se de uma maneira de obter proteínas.