É dos pratos que conheci em Alcoutim um dos que mais aprecio.
Nunca o vi confeccionado em qualquer outra parte.
Tenho contado a estória várias vezes. Quando estava
hospedado na chamada Pensão Marreiros na vila de Alcoutim, perguntaram-me se
gostava de favas. Disse que sim e muito. Ainda sou do tempo em que me ensinaram
que se tem de gostar de tudo, umas gostamos mais outras menos, mas nunca se diz
que não se gosta.
Quando me apresentaram o prato, fiquei um pouco confuso, pois
as favas tinham sido cozinhadas com a casca. Aqui para nós que ninguém nos lê,
aquilo parecia comida para animais e não para pessoas!
Comecei por escolher os miolos, mas às tantas optei por uma
casca que não me soube nada mal, insisti e comi tudo, já não me lembro, mas
possivelmente repeti. A partir daí, venham favas com casca!
Tenho de dizer que estas favas têm de ser bem tenras, o que
dificilmente se encontra nos mercados. Isto destina-se mais às pessoas que as
têm da sua lavra e as podem apanhar no princípio, pois quando estão mais feitas
(maduras) já não se devem fazer desta maneira.
Praticamente tiram-se-lhe só as pontas. O guisado é feito em
azeite e as ervas aromáticas são o grande segredo. Leva coentros, hortelã,
folha de alho e folha de cebola que eu prefiro fazer em pequenos molhos atados
com linha branca. Como variante pode deitar-se uns bagos de arroz.
O acompanhamento é feito com peixe frito, preferindo neste
caso o do rio.
Há anos, tive a oportunidade de confeccionar este prato para
duas amigas que não o conheciam. Andámos apanhando as favas e já tinha
previamente preparado o peixe, neste caso, barbo que as minhas visitas também
não conheciam. Posso dizer e não se tratou de uma questão de delicadeza que
gostaram muito do prato.