Foto de Família no Montinho das Laranjeiras em 1938 (*) |
Nasceram nos montes do rio, ele no Montinho das Laranjeiras
e ela nos Guerreiros do Rio, casaram e viveram na vila de Alcoutim até seguirem
o trajecto que todos temos de percorrer, tendo sido sepultados no cemitério local,
primeiro ela aos 85 anos depois ele com 96 feitos.
Do casamento criaram-se quatro rebentos, três meninas e por
fim um rapaz, todos nascidos na vila de Alcoutim onde fizeram a instrução
primária.
Duas delas casaram com alcoutenejos e a outra com um beirão.
Das três só uma viveu sempre em Alcoutim. Todas enviuvaram, tal como o rapaz que também
veio a casar fora.
Até aqui tudo normal.
A mais velha tem 92 anos, seguindo-se a segunda com 91, a terceira com 82 e o
rapaz, o menino das manas, com 79.
Somam a bonita quantia de 344 ANOS!
Digam-nos lá caros leitores se conhecem algum casal que
tivesse tido “apenas” quatro filhos (faleceu uma de tenra idade) e que juntos
se mantenham somando 344 ANOS! Nenhum ficou pelo caminho!
Se conhecerem, denunciem o caso.
Pois nós conhecemos e vamos denunciá-lo para espanto de
muitos.
O casal era constituído por António Patrocínio dos Santos,
guarda-fios de profissão e D. Luísa Martins, os filhos são D. Violante Martins dos
Santos, 92 anos, residente em Setúbal, viúva do alcoutenejo José Parreira
Baptista, que foi cabo da GNR, D. Cremilde Martins dos Santos, de 91, residente
em Alcoutim, aposentada como encarregada da Estação dos CTT de Alcoutim durante
largos anos, viúva do alcoutenejo, Francisco Martins que também foi cabo da GNR
e eleito vereador da Câmara Municipal de Alcoutim nas primeiras eleições
autárquicas após o 25 de Abril, D. Maria Martins dos Santos, de 82, residente
em Portimão, viúva de Humberto Ferreira da Silva que foi relojoeiro de
profissão e por , Gaspar Martins dos Santos, de 79 anos, engenheiro electrotécnico
formado pelo Instituto Superior Técnico, nosso prezado Amigo e colaborador do ALCOUTIM
LIVRE desde a primeira hora e casado com a Senhora Dra. Maria de Lurdes,
residentes em Lisboa.
É como se vê, uma família com características de
longevidade.
Que se vão mantendo por mais uns bons anos são os nossos
votos.
(*) Pequena nota
O sentido de família
que esta fotografia mostra, hoje é raro encontrar.
António Patrocínio dos
Santos está sentado e de gravata.
Da esquerda para a
direita e na 4ª posição encontra-se a avó paterna destes quatro irmãos, de
cabelo branco e a seu lado a nora, esposa de António Santos.
A única criança
presente é Gaspar Santos, de risquinho ao meio, protegido pelas mãos da sua irmã mais velha, Violante,
então já uma senhora. Do outro lado e igualmente protegendo o menino a outra irmã, Cremilde
(de blusa branca) também uma senhora.
Os restantes são tudo
familiares.
Além deste sentido de
família que já referimos, notamos um ambiente típico alcoutenejo
Casa de telha de
canudo onde não se vêem janelas e toda caiada de branco. Não falta junto da
porta a tradicional pilheira e o poial comprido ao longo da parede. Lá está a
lata que se caiou e encheu de terra para colocar uma roseira que embelezava o local.
Também não falta a parreira, que recebe as águas do telhado por um tipo de
caleira, para fazer sombra na época de calma e ao mesmo tempo dar uns cachos
para comer ou espremer na queijeira e fazer vinho, representado por um barril
que se vê à direita.
Alcoutim era assim!