Escreve
M Dias
O dia de finados é em
minha opinião, uma bonita tradição da igreja católica. Ele transforma os
cemitérios em jardins iluminados e transforma também, nem que só por um dia,
católicos e não católicos.
O sentimento e a
necessidade de perpectuar a luz dos nossos que partiram, ilumina-nos a nós,
vivos, e une-nos numa mesma intenção que nos toca e alivia. Também sigo essa
tradição e visito neste dia os dois cemitérios onde repousam os restos dos meus
pais, tios e avó.
Por entre sorrisos e
cumprimentos vagos de amigos e conhecidos com quem me cruzo, vou observando a
solidariedade que nos une em momentos de dor.
Numa dessas minhas
visitas, reparei numa senhora já com alguma idade que apoiando-se numa bengala,
se esforçava por chegar ao chão para tentar endireitar uma jarra de flores que
o vento tinha feito tombar.
Ajudei-a nessa tarefa e
em troca recebi um lindo sorriso, ao mesmo tempo que me dizia: os tristes e
sorumbáticos ciprestes deste cemitério, «roem-se» de inveja, ao verem cá em
baixo, tantas e tão lindas flores que transformam as campas em jardins
multicores e iluminados. Era o que nesse momento eu estava a pensar!