sexta-feira, 25 de março de 2011

Carapaus "alimados"




Apresentamos hoje mais um prato que faz parte das tradições alimentares dos alcoutenejos.

Este não é por influência da gastronomia alentejana como outros que aqui já apresentámos mas sim pela do litoral algarvio onde é muito conhecido e aplicado.

Quando se fala em influências, não se diz a transposição integral do prato pois este tem de submeter-se ao gosto, sensibilidade e recursos onde está inserido.

Se existem diferenças entre a açorda alentejana e a da serra algarvia, haverá também entre os carapaus alimados do litoral e da serra?



Viajando na Internet à procura desta “receita” demos com muita coisa semelhante e diferente, contudo, não encontrámos nenhuma como a praticada em nossa casa. E consideramos a diferença significativa. É que os carapaus passam pelas mesmas fases de preparação, salga, cozimento, “alimação”, etc. com a diferença de serem cozidos com as tripas que naturalmente são extraídas em primeiro lugar na fase de “alimar”.

Os carapaus são assados com as tripas ou seja, sem serem amanhados. Porquê? Talvez por terem melhor sabor.

Será só o alimar que distingue os carapaus alimados dos cozidos?
Na nossa região de origem comem-se carapaus (amanhados) cozidos com batatas e cebolas como muitos outros peixes mas não se alimam.

O acompanhamento é feito com batatas cozidas de preferência com a pele, cebolas cortadas às rodelas, alho picado e tudo temperado com azeite.

Nas” pesquisas”, deparámo-nos com os mais variados acompanhamentos!

Alimar é um regionalismo que possivelmente deriva de “limar” de polir, raspar.

Diremos que esta receita foi praticada por quem nasceu, viveu e morreu em Alcoutim e que a aprendeu com os seus antepassados que pelo menos em quatro gerações têm aqui origem.

Não nos perguntem qual é a receita verdadeira, pois não sabemos responder.

Viemos encontrar na terra onde residimos e proveniente de pessoas originárias do barlavento algarvio, sardinhas alimadas, o que nunca vimos em Alcoutim.